BRINCANDO DE CORDEL
Contei mil estrelas no céu
sentado à beira da lua
encontrei Papai Noel
pelado na minha rua
com o saco balançando
velho, seco, descansando
agarrado numa pua
O céu estava fechado
o sol dormia roncando
um anjo passou correndo
outro o seguia voando
um cometa atrevido
desses bem "maluvido"
passava tudo queimando
Nada de Ursa menor
no espaço sideral
só vi a Estrela Dalva
ensaiando um recital
e a Via Láctea sorrindo
beijinhos distribuindo
pensando ser carnaval
Um brilho intenso riscou
a geografia celeste
talvez foguete da Nasa
levando cabra da peste
à guisa de astronauta
que cometeu uma falta
e foi banido do Agreste
Um porco de rabo grande
voava que nem pombinho
que bicho mais obeso
só comia salgadinho
se fosse filho da flauta
ou talvez filho da bruta
seria só um porquinho
Mas, olha só as estrelas!
estavam tagarelando
falando umas das outras
o tempo todo fofocando
quanta bobagem diziam
é quase certo que mentiam
só sabem viver falando
De tanto ver fantasias
desenhadas num papel
e miríades de cometas
brincando de tique no céu
também quis fazer poesia
e tentando noite e dia
rabisquei este cordel