BRINCANDO DE CORDEL

Contei mil estrelas no céu

sentado à beira da lua

encontrei Papai Noel

pelado na minha rua

com o saco balançando

velho, seco, descansando

agarrado numa pua

O céu estava fechado

o sol dormia roncando

um anjo passou correndo

outro o seguia voando

um cometa atrevido

desses bem "maluvido"

passava tudo queimando

Nada de Ursa menor

no espaço sideral

só vi a Estrela Dalva

ensaiando um recital

e a Via Láctea sorrindo

beijinhos distribuindo

pensando ser carnaval

Um brilho intenso riscou

a geografia celeste

talvez foguete da Nasa

levando cabra da peste

à guisa de astronauta

que cometeu uma falta

e foi banido do Agreste

Um porco de rabo grande

voava que nem pombinho

que bicho mais obeso

só comia salgadinho

se fosse filho da flauta

ou talvez filho da bruta

seria só um porquinho

Mas, olha só as estrelas!

estavam tagarelando

falando umas das outras

o tempo todo fofocando

quanta bobagem diziam

é quase certo que mentiam

só sabem viver falando

De tanto ver fantasias

desenhadas num papel

e miríades de cometas

brincando de tique no céu

também quis fazer poesia

e tentando noite e dia

rabisquei este cordel

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 15/10/2009
Reeditado em 16/10/2009
Código do texto: T1868783
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