A mão> Autor: Damião Metamorfose.

*

A mão que aponta o dedo,

É a mesma que orienta.

E vai até sua boca,

Quando você se alimenta.

Que te pega pela mão

E guia na escuridão,

Na hora mais turbulenta.

*

A mão que às vezes sedenta,

Pode bater em seu rosto.

Dói hoje, mas amanhã,

Evita um grande desgosto.

E te faz sentir saudade,

Daquela mão de verdade,

Que te bateu contra gosto.

*

A mão que serve de encosto,

No seu rosto faz carinho.

Que penteia seus cabelos,

Que fere as cordas do pinho.

É a mão abençoada,

Companheira inveterada,

Que não te deixa sozinho.

*

A mão que te serve o vinho,

Que tempera a comida.

Que toca as partes secretas,

Pudentes e proibida.

E a mão que traz conforto,

Mas também faz um aborto,

Que mata e impede a vida.

*

A mão que é homicida,

Que vive da mão armada.

Também é mão de pedinte,

Que pede esmola cansada.

E a mesma do retirante,

Mascateiro ou viajante,

Que faz do mundo a morada.

*

A mão magra e calejada,

Do humilde agricultor.

Que nunca feriu ninguém,

Mas fere sem ter rancor...

A terra a todo o momento,

Plantando o seu alimento,

E colhe os frutos do amor.

*

A mão do nobre doutor,

Que faz jura ao se formar.

Mas depois que faz carreira,

Chega ao alto patamar.

Esquecendo a jura feita,

Mesmo no plantão rejeita,

A mão que vem a sangrar.

*

A mão que só sabe amar,

Por ser mãe, mão verdadeira.

Que perde as noites de sono,

Do lado da cabeceira.

Mesmo em alta madrugada,

A mão estando cansada,

É mão, mãe e enfermeira.

*

A mão da mulher parteira,

Que não é renumerada.

Mas só por ouvir o choro

da vida, tão esperada.

Esquece que é aprendiz,

Volta pra casa feliz,

E é por Deus recompensada.

*

A mão que foi educada,

Mas não sabe o que é respeito.

Que tem de tudo na vida,

Mas abusa do direito.

Trata aos outros como escravos,

E espalha na terra os travos,

Da mão que vem com defeito.

*

A mão do nobre prefeito,

Senador ou deputado,

Vereador, presidente,

Governo o chefe de estado.

Que pra ganhar faz promessa,

Mas ao se empossar tem pressa,

De ver o povo roubado.

*

A mão do meu pai amado,

Que é minha companhia.

Para compor os meus versos,

Com ou sem sabedoria.

Domina os meus pensamentos

Que a mão dar movimentos

E a mão compõe poesia.

Fim

12/10/2009

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 14/10/2009
Código do texto: T1865071
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