Limo, o vale dos suicidas> Autor: Damião Metamorfose.
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Minha viagem poética,
Hoje é por outras guaridas.
Vou para o limo da morte,
-o vale dos suicidas.
Um lugar sujo e imundo,
Onde os prazeres do mundo,
Tem preço, peso e medidas.
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Lá as almas desvalidas,
Pagam pelos erros seus.
Em um calabouço úmido,
O mais escuro dos breus.
Sem data pra julgamentos,
Sem ter quem ouça os lamentos,
Longe do homem e de Deus.
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Lá não têm só os ateus,
Raça ou classe social.
Nem só os que cometeram,
Algum pecado mortal.
Estão aqueles que ousaram
ou simplesmente abusaram,
Dos tais prazeres, carnal.
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Na vida material,
Tem que ter regra e limite.
Abuso de livre arbítrio
É suicídio, acredite.
E o que a vida ceifar,
No limo vai definhar,
Não tem remédio que evite.
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O suicida admite,
Que a vida não tem valor.
Mesmo ela sendo a dádiva,
Mais nobre do criador.
Por depressão ou por ódio,
Mata-se e ocupa o pódio,
Onde não tem vencedor.
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Nesse lugar só tem dor,
Secura e escuridão.
Gemido e ranger de dentes,
Sofrimento em exaustão.
A água que tem não presta
E os anjos maus fazem festa,
Pisando na podridão.
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Não tem quem te dê a mão
e se acaso isso acontece.
É pra levar pro abismo,
Que essa mão se oferece.
Por mais que tente sair,
Não consegue emergir,
Quanto mais tenta, mais desce.
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Ali a alma padece,
Todo tipo de tortura.
Sede, fome, desconforto,
Mutilação, ruptura.
O clima é tão carregado,
Que tudo é desidratado,
Com a alta temperatura.
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Toda e qualquer criatura,
Que enche a taça da vida.
Com algum tipo de droga,
Liberada ou proibida.
Mesmo sendo por esporte,
É um candidato forte,
A um futuro suicida.
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D-eus nos amou deu a vida,
A imagem e semelhança.
M-aravilhas e milagres,
I-mportante como herança.
A-gora cabe a você,
O zelo dessa aliança.
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Fim
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12/10/2009