MERDA NA CABEÇA
Numa fila de um banco,
O meu vicio começou,
No meu bolso, só papel,
E um simples lápis de cor.
Paciência, já me faltava,
A grande fila não andava,
Fazia muito calor.
Ali,desde de bem cedo,
Eu precisava do Dinheiro,
Do fundo de garantia,
Mas aquele desespero...
Eu sentia dor de barriga,
Cansaço, suor e fadiga,
E bem longe de um banheiro!
Acho que foi um milagre,
Um choque me estremeceu,
Senti na minha careca,
Algo quente que desceu.
Foi um pombo que voava,
Sua merda que largava,
E o escolhido fui eu...
Olha só a natureza...
Aí tudo mudou!
Limpei a minha careca,
Minha agonia passou.
Todos acharam graça,
Uma comédia na praça,
Minha disposição voltou.
Comecei a escrever,
De repente, um poema!
percebi o meu talento,
Com métrica, gênero e tema.
Rápido, a fila andou,
Vários versos de amor,
E eu já não via problemas.
Então chegou a minha vez,
Parei na frente do caixa,
A moça então me chamou,
E eu com a cabeça baixa.
Já era a décima poesia,
Fruto de um longo dia,
Onde a vida se encaixa.
Agora sou um poeta,
Sou feliz em afirmar,
Eu cumpri a minha meta,
Estou aqui pra amar.
Fazer muitos amigos,
Escrever muitos artigos,
E um pombo, eu vou criar...