MEU PRIMEIRO AMOR
MEU PRIMEIRO AMOR
(ano:1955 – (* 40 – + 57)
Os três meses foram férias
lá na casa da Pedrinha,
que loucura, oh! vida minha!
não sabia o que é ser feliz.
O quartel, o seminário,
quis mudar o meu fadário
mas a vida assim não quis.
Jovem era, adolescente,
de mil sonhos carecia.
A água mansa balbucia
que ainda há dias melhores;
que tem sonhos não sonhados
nos quarteis não revelados
e o momento não induz.
fazem disso corolário,
que ser casto é a vindima
no quartel a reza intima
sufocar os doidos sonhos
que me trás a natureza
e é carisma de grandeza
que me vem do Arquiteto.
Crescer de corpo e alma
nunca isento o desengano
Deus induz ao ser humano.
Não propôs o celibato
nem o sexo desregrado
ser feliz e muito amado
é a lei do Criador.
O quartel pede se guarde
à plateia de meninos
pretos, brancos ou albinos
de desejos tão profanos.
Castigos haja contundentes
se em segredo em suas mentes
honrem o mundo feminino
A atração, não desvairada,
pura qual o ar da manhã
é do amor o talismã,
honra ao nobre sentimento
que enrica almas ardentes
mas são ímãs mais frequentes
das saudades e dos prantos
Era a filha do caseiro
muito linda e boa prosa
meiga jovem Neusa Sosa,
quinze anos, meses mais.
Atraiu-me à prima vista,
sem partir para a conquista
vi que dela tive amor
Nossos olhos se encontraram
em terrível timidez
mas senti que a viuvez
da minh’alma não vingou.
Muito comportado embora
(hoje inda a alma chora)
nosso pacto era o segredo.
Foram doces os encontros
escondidos sob bambus
bem vestidos, nunca nus,
só de lábio a tocava.
Em tão meiga intimidade
coube tal cumplicidade
que o nosso amor floriu.
Quando fora do escaninho
nos seus olhos doce enredo
não traía o segredo
de tanta luz no seu olhar.
Felicidade era a senha
do claro texto/resenha
mas ninguém se apercebeu
Pós no amaro afogou-se
foi tão curto este momento
pra tão nobre sentimento
na vida do jovem par.
Escoaram-se os três meses;
cessaram as maluquezes
que o amor nos forneceu.
Foi bem trava a cilada
o amor da adolescência
nos tiraram sem clemência
e a alma umedeceu.
Pranteei lanhos abertos
só debaixo das cobertas
quando ao lar nós regressamos.
Por tão jovem e ignorante
fiz da jovem minha esposa
(lira e musa Neusa Sosa)
fez-me poeta embrião.
mas na dor de amaros prantos
esse lar sem mais encantos
dias tristes só me deu.
De amargura em cada poro
abastado de ilusões
olvidei os meus brasões
sobre o rastro retomei.
Por não ter o meu amor
foi infame a minha dor
que não vi outra saída.
Sem ainda ter togado
a batina dos noviços
abdiquei dos compromissos;
e voltei ao lar paterno.
Farda foi a insegurança
no bornal trouxe a lembrança
de quem foi primeiro amor
Alguns meses já passados
encontrei com um colega
frente ao vinho de uma adega
indaguei-lhe da menina.
Seu destino foi malsão
por um mal do coração
foi tão jovem para o céu.