FRANGA SOLTA NA TERRA DE LAMPIÃO

I

Quem tem o seu pode dar

A quem quiser ou entender.

Quem não quiser dar de graça,

Pode dar preço e vender.

Todos são livres pra amar

Do jeito que escolher.

II

Há, porém, nos dias modernos

Uma grande exibição:

Nas praças, nos shopping-centers,

Só se vê esfregação,

Um motel a céu aberto

De gente passando a mão.

III

Garotos de 12 anos

Se beijando no salão;

Coroas com bucho de chopp

Procurando azaração;

Mulheres se alisando

Numa bolha de sabão.

IV

É neste novo cenário

Onde reina a confusão,

Que o movimento gay

Aproveita a ocasião

Para ir soltar a franga

Na terra de Lampião.

V

É lá em Serra Talhada,

No coração do Sertão,

Cafundó de Pernambuco,

A terra de Lampião,

E de Inocêncio Oliveira,

Um deputado machão.

VI

Soube que André Pucinelli,

Do Mato Grosso do Sul,

Vai estar na passeata

Com uma regata azul,

Promete com Carlos Minc

Fazer grande sururu.

VII

Luiz Mott da Bahia

Já comprou um pistolão,

Uma botina de couro,

Dois punhais e um facão,

Para puxar o desfile

Vestido de Lampião.

VIII

A muié de Jaquevague

Se encheu de laços de fita,

Combinou com uma amiga,

Por sinal muito bonita,

Pra se vestir de Dadá,

Ela de Maria Bonita.

IX

Vamos ter muitos artistas

E até político arisco.

Uma fonte me contou,

Assumindo todo o risco,

Que Caetano, Gal e Gil

Vão desfilar de Corisco.

X

O dia 3 de outubro

Vai ficar assinalado,

Nos anais da nossa história,

Como o dia indigitado

Em que a terra sertaneja

Virou terra de viado.

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 03/10/2009
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