O coito da natureza> Autor :Damião Metamorfose.
Se eu fosse borboleta
E o seu sorriso uma flor
Mesmo sendo uma armadilha
Que devora um predador
Eu invadia seus lábios
Só pra sentir seu sabor
Provava do seu licor
Em seu céu me lambuzava
Matando a cede em saliva
Todo seu necta eu provava
Lambia as suas pétalas
E em sua língua pousava
O vento nos embalava
Ora agressivo, ora brando.
Era eu te dando vida
E você me devorando
As pétalas pedindo paz
E a nossa guerra se amando
O orvalho nos molhando
Deixando o solo fecundo
Vendo flor e borboleta
Em êxtase mais que profundo
Provando a libido mel
Que enfeitam os jardins do mundo
E ambos tão sitibundo
Nesse abraço enlaçado
Misturando pólen e necta
Num balé sincronizado
Descansar pra ver o dia
E o amor em seu reinado
Sem as manchas, do pecado.
Sem a morte e seu final.
Sem os olhares do ódio
Sem a traição banal.
Só casulo e borboletas
E um imenso roseiral.
E nesse enlace total,
Sem ter caçador nem presa.
Só eu você e a noite
e a lua divina alteza.
Eis que vem o sol e flagra,
O coito da natureza.