Torei de Banda.
I
-Óiqui! Maricota me diz, neste linguajar trocado, só nosso – tão precioso.
-Prestenção! Eu retruco, entrando na gozação. Cuida-te da Vaidade.
É prima-irmã da Maldade, inimiga da Bondade, Namorou Futilidade
E casou-se, talvez por necessidade, com o primo Falsidade. -Sassinhóra! Mas que casal horroroso.
II
A roupagem da Vaidade é feita de trapos, pelancas – nada tendo a deslumbrar.
Seu odor é nauseante, nada o sana, nem mesmo o melhor perfume.
O lixo que acumula, é como bruaca de mula – é carniça de curtume.
-Maricota! Vem cá fora. Traz sal grosso sem demora. Vamu essa inhaca limpar.
III
Vamu mandar lá pros quintos, toda essa tralha infamante – indigesta.
-Credincruz! Será o Demo, esse bichim tão tinhoso, cheio de más atitudes,
Que ao que toca conspurca, de modo tão impudico. Mulé! Chame Frei Chico.
IV
Prá exorcizar o caminho, que esse traste pisou. -Adispois nóis faz uma festa,
Limpa de toda a sujeira, pois Vaidade é tranqueira - não possui qualquer virtude.
-Entonces – diz Maricota. Acaba logo essa prosa, vamu incensá nossa casa com umas foias de angico.
A vaidade é tão caricata que devemos ter, para quem dela faz uso, mais comiseração que qualquer outro sentimento de repúdio, tal a pobreza de que se investe quem denota comportamento tão mesquinho
Vale do Paraíba, Noite de Terça-Feira, Novembro de 2008
João Bosco (Aprendiz de poeta)