Isto se vê no sertão... Mote> Autor: Damião Metamorfose.

Mote de Walmir Farias, glosas: Damião Metamorfose.

O riacho faz cascata,

Descendo na cordilheira.

Os peixes na cachoeira,

Parecem pontos de prata.

No palco da verde mata,

Faz ensaio a passarada.

Toca musica variada,

Sem erro na afinação.

Isto se vê no Sertão,

Depois da terra molhada.

Juriti e cordoniz,

Codorna, peba e rolinha.

O papa-sebo, o golinha,

Nambu, sanhaço e perdiz.

Galo campina e concriz.

Carão fazendo zoada,

A raposa encurralada.

Com medo de um cancão.

Isto se vê no sertão,

Depois da terra molhada.

O mestre fura barreira,

Preparando um novo ninho.

Revoar de passarinho,

Na copa da aroeira.

Pica pau na catingueira,

Abrindo a nova morada.

Buraco fundo na estrada,

Que o carro arrasta no chão.

Isto se vê no sertão,

Depois da terra molhada.

Depois que a mata enrama,

Animais vêm de magote.

A cobra pega o caçote,

Fica rolando na grama.

O caçote cai na lama,

Dá uma boa tapeada.

Mas a cobra esfomeada,

Espera de prontidão.

Isto se vê no sertão,

Depois da terra molhada.

Peixe subindo no rio,

Pra fazer a piracema.

O canto da seriema,

Lá pras bandas do baixio.

O carão dando o seu pio,

Lá na lagoa alagada.

Uma roça bem limpada,

De feijão, milho e algodão.

Isto se ver no Sertão

Depois da terra molhada.

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 28/09/2009
Reeditado em 29/09/2009
Código do texto: T1835628
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