Isto se vê no sertão... Mote> Autor: Damião Metamorfose.
Mote de Walmir Farias, glosas: Damião Metamorfose.
O riacho faz cascata,
Descendo na cordilheira.
Os peixes na cachoeira,
Parecem pontos de prata.
No palco da verde mata,
Faz ensaio a passarada.
Toca musica variada,
Sem erro na afinação.
Isto se vê no Sertão,
Depois da terra molhada.
Juriti e cordoniz,
Codorna, peba e rolinha.
O papa-sebo, o golinha,
Nambu, sanhaço e perdiz.
Galo campina e concriz.
Carão fazendo zoada,
A raposa encurralada.
Com medo de um cancão.
Isto se vê no sertão,
Depois da terra molhada.
O mestre fura barreira,
Preparando um novo ninho.
Revoar de passarinho,
Na copa da aroeira.
Pica pau na catingueira,
Abrindo a nova morada.
Buraco fundo na estrada,
Que o carro arrasta no chão.
Isto se vê no sertão,
Depois da terra molhada.
Depois que a mata enrama,
Animais vêm de magote.
A cobra pega o caçote,
Fica rolando na grama.
O caçote cai na lama,
Dá uma boa tapeada.
Mas a cobra esfomeada,
Espera de prontidão.
Isto se vê no sertão,
Depois da terra molhada.
Peixe subindo no rio,
Pra fazer a piracema.
O canto da seriema,
Lá pras bandas do baixio.
O carão dando o seu pio,
Lá na lagoa alagada.
Uma roça bem limpada,
De feijão, milho e algodão.
Isto se ver no Sertão
Depois da terra molhada.