As purezas do sertão> Autor: Damião Metamorfose.
Visto de todos os anglos,
Nos mais diversos perfis.
A natureza é perfeita,
Com seus detalhes sutis.
Quanto mais eu te contemplo,
Mais a tiro como exemplo,
Pouco ou quase nada eu fiz.
Seus múltiplos tons de anis,
Misturam-se as outras cores.
Fragrâncias raras, suaves,
Únicas em seus odores.
Vida alimentando vidas,
Cicatrizando feridas
E amenizando as dores.
Aquarelas multicores,
Pétalas que superam telas.
Pólen fecundando pólen,
Formam novas aquarelas.
Insetos e beija flores,
No necta encontram os sabores,
Que só se encontram nelas.
Nas manhãs ficam mais belas,
Sob a luz do sol nascente.
O vento que sopra traz,
Um perfume envolvente.
Novas flores vão se abrindo
E o orvalho vai caindo,
Fecundando outra semente.
Sob a luz do sol poente,
O campo fica mais belo.
O verde fica dourado,
Predomina o amarelo.
Mudam as cores do horizonte,
E as sombras que vêm do monte,
Parecem com um castelo.
Ao longe o som de um martelo,
Em atrito com uma enxada.
Ecoa sobre as montanhas,
Devido à terra molhada.
Parece o toque de um sino,
Entoando um som divino,
Que vem da mão calejada.
As crianças na calçada,
Sobre a luz do sol resta,
Inventam mil brincadeiras.
E enquanto isso a floresta:
Que era verde fica prata
A luz da lua, e a cascata,
Faz as percussões da festa.
A vida se manifesta,
Em cada palmo de chão.
E eu meio pesaroso,
Faço a minha oração.
Pedindo Deus me ajude,
Pra que o progresso não mude,
As purezas do sertão.