O PATINHO FEIO(livre adaptação em cordel) - Final

Querendo saber o motivo

de tanta discriminação

junto à margem do laguinho

tentando a melhor posição

procurou ver seu semblante

e naquele mesmo instante

compreendeu a situação

Não era igual aos demais

isso ele compreendeu

tinha muitas diferenças

doía, mas reconheceu

melhor ir logo embora

ir pelo mundo afora

esse lugar não era seu

Não queria despedida

aumentaria mais o sofrer

juntaria seus trapinhos

partindo ao amanhecer

por ser um feio patinho

viveria tão sozinho

talvez fosse melhor morrer

Mas não pensaria nisso

andaria na floresta

no anelo de esquecer

um dia tudo foi festa

quem ele tinha amado

o havia desprezado

que mais na vida lhe resta?

Antes que o sol despontasse

sua trouxinha amarrou

olhou para a mãe e seus irmãos

"oh que insuportável dor!"

ainda tentou segurar

mas não pode aguentar

enquanto se ia, chorou

Passou longe do laguinho

não pretendia mais olhar

porque a água lhe mostrava

sua feiúra sem par

pra que sofrer novamente?

Era mesmo diferente

melhor não se reencontrar

Foi seguindo seu caminho

não tinha um rumo certo

qualquer lugar serviria

o matagal, um pobre teto

e pensou firme no coração

de sua mãe e nenhum irmão

não chegaria mais perto

Próximo a um grande rio

um alvoroço escutou

escondeu-se no matagal

temeroso ele olhou

vendo pássaros, milhares

brancos, lindos, aos pares

tanta beleza o encantou

Que majestosas figuras

de porte tão elegante

sim, enormes, bem charmosas

que fascínio mais tocante

"parecem alguém que já vi

será impressão que senti?"

pensou o patinho distante

"Saia de trás desse mato"

perto dele alguém falou

"por que não brinca conosco?"

A voz gentil ele escutou

não conseguindo entender

que nada havi'a temer

só amizade encontrou

"Quem são e de onde vieram?"

Ele pode balbuciar

o outro pensou admirado:

"estranho modo de falar"

"somos cisnes, você também

venha, vamos lá brincar, vem!

logo ao Sul vamos voltar"

O triste pretenso patinho

compreendeu de repente

por que daquela família

ele era diferente

e veio a verdade de fato

era um cisne, não pato

e lá se foi ele contente

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 24/09/2009
Reeditado em 13/08/2021
Código do texto: T1828587
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