MINHAS DOCES MOLECAGENS
MINHAS DOCES MOLECAGENS
Saudades da minha infância
Das molecagens que eu fazia
-Menina, tu vestes saia!
Para mim, vovô dizia,
-Olha que eu te castigo...
Acabo com a tua alegria!
-Não subas aí, nessa árvore,
Porque tu podes cair;
E se cair, eu te bato;
E se bater, não quero choro;
Mando-te de volta pra casa
De onde não deverias sair
Amontoado de primos
Quase todos da mesma idade
Morávamos todos vizinhos
Vejam o porquê da saudade
Sempre “eu” quem comandava
As doces perversidades
Fazia calças pros gatos
Com suspensórios e tudo
Cada qual com seu modelo
E tudo com muito zelo
Pro desfile ser bonito
Com cara de gato aflito
E a gataiada perdida
Pobre gato! Hoje eu penso;
Levava bombinha no rabo
Além de sair sapecado
E daquele susto imenso,
Perdia o rumo, coitado!
Um dia numa dessas molecagens
Um gato entrou num paiol
Com o rabo todo aceso
O pobrezinho indefeso
Só pensava num rio d’água
Pra acabar todo seu mal
Pegando fogo nos milhos
Acabou com toda safra
Não ficou nem o carvão
Pra testemunhar a desgraça
E vovô endoidecido, procurava
O atrevido, que representava ameaça,
Os meus cúmplices priminhos
Não abriram os biquinhos
Pois, tinham medo de mim,
Amanhã não brincariam
Com certeza não teriam
Quem comandasse o motim
Carrinhos de rolimã vi,
E aprendi fazer, mas a cobaia...
Coitada! Saia todo remendado,
E eu, nem queria ver
Quem estava arrebentado,
Já corria esconder!
Era necessária destreza
Pra comandar o “carrinho”
Já que estava “envenenado”
Era o mais apressadinho
Que deixava o couro da testa
No tronco do pé de coquinho
Essa foi só uma aventura
Da minha primeira férias
Em seguida mais e mais,
Pra completar a “miséria”
E os primos só queriam,
Viver com minha pilhéria!
IVANY
Eita menina danada
Pra fazer estripulia
Muito sapeca e levada
Nas bagunças que fazia
Juntamente com um comparsa
Hoje retrata com graça
Toda sage em poesia
HELIODORO MORAIS