PIANO
ele adocica o corpo,
torna a alma mais pura,
faz a verdadeira,
formosura.
com cuidados e sérias pausas,
é bem lento e devagar,
que colocam o silêncio,
no barulho do andar.
os passos são sentidos,
como o caminhar,
a chinela faz zuada,
do que é o andar.
o passarinho, do lado, escuta
e assobia,
faz nosso corpo,
entender a poesia.
ela entra devagar primeiro no ouvido,
depois é digerida pelo coração,
com isso,
sente-se a canção.
o olhar, inicialmente é angustiante,
fica-se com ar, de cintilante,
e aos poucos muda-se o semblante.
o olhar treme, primeiro,
depois reconhece,
aprende,
e agradece.
o choro é inevitável,
da música, extrai-se tudo,
e o amor, pela canção,
faz aparecer a paixão.
o piano é a mais pura invenção,
faz o corpo vibrar,
faz a alma festejar.