CORPO FECHADO

corpo fechado,

parece coisa espiritual,

proveniente

da ausência do sentimental.

duro feito pedra,

que não queria se abrir,

pra poder sorrir.

células que não funcionavam,

perdidas na fisiologia,

de um movimento de inércia,

sem qualquer peripécia.

não há pra onde fugir,

corrida de correria é angústia,

tratada como pressa,

mas é da ordem do sofrimento,

de onde não vem sentimento.

sentimento é sempre palavra chave,

de portas que não se querem abrir,

mas viver, assim,

somente a partir?

pra quê sofrer?

se a graça é não doer,

o corpo tem alma,

e pode até ter palma.

o prestígio do artista é a platéia,

que assiste com olhos atentos,

as curiosidades humanas,

postas de maneira, às vezes, com ilusão,

mas onde reside, a graça, senão...

a imaginação é fruto da poesia,

onde se faz a verdadeira comédia,

que não é só depressão,

menos ainda só melancolia.

o corpo foi mole,

de molengar,

agora, o que resta,

não é o delongar.

prosear, poetizar, inventar,

fazer poesia com tudo,

senão não há mais restar,

viver não é rastejar.

sofrer, suplicar, se amedrontar,

pra quê?

a vida é alegria, diversão,

paixão....

há depressão, sim, há!

onde não existe?

ora, a vivência,

passa também pela desistência

não de morrer por querer,

que isso é pobreza,

mas de alavancar,

a tristeza!

arrab xela
Enviado por arrab xela em 20/09/2009
Reeditado em 20/09/2009
Código do texto: T1820344
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