CHUVA
chuva que cai,
com água devagar,
e vem o trovão,
avisar.
o raio é como a luz,
que ilumina toda vizinhança,
avisa com olhos,
de certa arrogância.
que lá em cima tem gente,
olhando pra todos,
avisando que não podemos pecar,
por que isso traz arrependimento,
e isto não é consentimento.
a chuva traz água,
que molha a todos,
avisa que chega na hora que quer,
com a gente tendo compromisso ou não,
ela diz: "e daí?"
estou aqui e não tem perdão.
a chuva é divina,
porque faz cachorro latir,
faz passarinho se esconder,
faz o humano gemer.
a chuva é de Deus,
que bem disse a religião,
inventou o pai,
pra termos submissão.
a chuva é união,
porque avisa pra juventude,
que se pode arrumar,
pra se proteger,
mas também,
pra se entreter.
a chuva é tudo,
vem de onde não sabemos,
mesmo geógrafos explicando seu nascimento,
mas a graça,
é que dela, também pinta arrependimento.
a chuva faz refletir,
faz a gente pensar,
na vida e na graça,
de aqui estar.
a chuva molha mendigos,
como se dissesse: "o que fazes na rua, querido?"
e assim, ele se torce,
porque está encharcado,
e também acaba ficando,
chacoalhado.
todo molhado, doente,
e a chuva ali, residente,
dizendo, levanta e pára com isso,
porque viver assim, não é reluzente.
a chuva é o holofote do mundo,
pinta o céu com suas cores,
avisa que existe Lei,
que não podemos fazer o que bem entender,
já que assim, vai ficar o arrepender.
medo não é coisa de covarde,
mas tem algo obsessivo,
de uns que procuram se abrigar,
onde deveriam saber do seu brigar.
a chuva não tá nem aí,
ela é feita de anjos,
que lá encima ficam rindo,
das trapalhadas do mundo,
e de uns, sem fundo.
que ficam se escondendo,
enrolando a vida pregressa,
mas quando vem a chuva,
em alguns, tudo se regressa.
se regressão fosse interessante,
ninguém virava adulto,
seriamos todos crianças,
e assim, não precisaríamos trabalhar,
talvez fosse bom,
porque assim, não haveria reclamar.
mas a chuva não é teoria,
ela é feita da natureza,
que pra cientista pode ser idéia,
mas é uma beleza.