No nosso Brasil cabôco... Mote> Autor: Damião Metamorfose.
Em vez de ir para a escola,
Fica na beira da estrada.
Com sua veste rasgada,
Brinca de pedir esmola.
Mas o político gabola,
Mestre da enrolacão.
Diz que a nossa nação,
Não sabe o que é sufoco.
No nosso Brasil cabôco,
De mãe preta e pai João.
Tiram dinheiro do povo,
Prometendo devolver.
Paga a conta sem dever,
Perde a galinha e o ovo.
Mas tem campanha de novo,
Outra vez a multidão.
Na teoria diz não,
Só que nunca dar o troco.
No nosso Brasil cabôco,
De mãe preta e pai João.
O povo é acomodado,
Não conhece o seu direito.
Não fiscaliza o eleito,
Por isso é sempre lesado.
País cidade ou estado,
Prometendo terra e pão.
Não dão um palmo de chão,
O povo ganha é cotôco.
No nosso Brasil cabôco,
De mãe preta e pai João.
Um frade diz ser um risco,
Para de comer, faz greve.
Depois ninguém mais se atreve,
Transpor rio são Francisco.
Se Lampião ou Corisco,
Estivessem no sertão.
Metiam bala no chão,
Arrancando pedra e toco.
No nosso Brasil cabôco,
De mãe preta e pai João.
Um seqüestra e outro mata,
Um pra não morrer se rende.
Policia finge que prende,
Mas tá de olho na prata.
Quando divide a mamata,
Procura nova armação.
Quem disser que tem razão,
Leva pontapé e soco.
No nosso Brasil cabôco,
De mãe preta e pai João.
Esse trem fora do trilho,
Nem o capeta governa.
Essa herança é eterna,
Vai passar de pai pra filho.
Mas basta jogar o milho,
Assanhar a ambição.
Que os ratos de plantão,
Sai do buraco ou do oco.
No nosso Brasil cabôco,
De mãe preta e pai João.
Se não chove no nordeste,
O grande pai da matéria.
Manda uma bolsa miséria,
Que não se come nem veste.
Mas se alaga no sudeste,
O Brasil faz mutirão.
Se alagar o meu sertão,
Só mandam farinha e coco.
No nosso Brasil cabôco,
De mãe preta e pai João.
No ano que tem campanha,
Pra esconder as mancadas.
Faz adutora e estradas,
Compra voto, faz barganha.
Mas depois que ele ganha,
Começa a tapeação.
Compra castelo e mansão,
E o pobre leva pipoco.
No nosso Brasil cabôco,
De mãe preta e pai João.