O caridozo/HM/AR

Clara lhe tem amizade

Já mandou rezar novena

Me pediu por caridade

Pr'eu deixar essa pequena

Pois senão você morria

E quanto mais me pedia

Mas eu morria de pena.

Pensei de forma serena

E resolvi atender

Sem imaginar a cena

Quando eu falei pra Terê

Eu preservei sua vida

Mas terê elouquecida

Ficou querendo morrer.

Não sei mais o que fazer

Do Rio Grande do Norte

Se os dois querem morrer

Eu vou apelar pra sorte

Porque eu tenho impressão

De que qualquer decisão

Vai resultar numa morte.

Não é que eu não me importe

Juro que gosto dos dois

Tenho que ser muito forte

Com o que esse caso me impôs

Deixando ela se suicida

Ficando, Airam tira a vida

E o que é que eu faço depois?

Me meti entre esses dois

Botei, sem imaginar

O carro à frente dos bois

Pra Terê se apaixonar

Tô me sentindo um bagaço

E não sei mais o que faço

Se deixo ou se vou ficar.

Vou fazer uma proposta

Porque lhe tenho carinho

Se ela dela que você gosta

E não quer ficar sozinho

Pra coisa ficar bacana

Tu me empresta uma semana

Depois carrega pro ninho.

Maravilha grande poeta. É muito gostosa essa brincadeira. Bênçãos

Enviado por Heliodoro Morais em 12/09/2009 07:45

para o texto: Cumadi Clara min difendeu/ Interagindo cum Claraluna

Airam Ribeiro

Cê é mermo caridozo

E essa é a minha sorte

De cunhecê ômi bondozo

Qui mora no Rio grande do Norte

Digo tu é ispiciá

Mais ta quereno muntá

Diretin no meu cangote.

Alma boa e serena

É esse amigo Lió Morá!

Qui paquera minha piquena

Inda vem aqui min gozá

Ocê pensa qui min ingana!

Ta quereno u’a sumana

Pra depois rezorvê tumá?

Eu tava aqui no meu canto

Namorano a minha Terê

Ocê pariceu no recanto

Cum aquele seu trelelê

Cuxixô nus zuvido dela

Perparano a esparréla

Para nela min metê!

Quê qué isso cumpadi

Ocê é um ômio de bem

Ocê veja a sua idade

Mais de cinqüenta já tem

Vô preguntá pro irmão

Pruquê tanta ajuntação?

Se aí ocê tem um arém!

Parede tem zuvido

O seu vizin min falô

Ocê dexa todos os marido

Sozin sem seus amô

Cuntenta cum o seu arém

E dexa a Terê qui é meu bem

Eu li peço pur favô.

Elas diz qui seu trem tem mé

E qui ocê sabe cativá

Sua doçura para as muié

Faiz elas todas gamá

Coitiado de min na Bahia

To perdeno as aligria

Cuns amigo qui fui ranjá.

Derna aquele dito dia

Qui nóis três tumô o café

Qui notei ocê cum aligria

E ôio grande naquela muié

Tenho mermo qui min cunformá

Eu nun sei memo cunquistá

Só sei memo fazê cordé.

Se eu te imprestá u’a sumana

Ocêis vão logo custumá

A mim ocêis nun ingana

E para xifi eu nun levá

Se é isso qui cê qué sabê

Leve logo pra vancê

A Terê das Beramár.

Perdê muié é meu distino

Eu vô memo min surcidá

Vô pegá um cordãozin fino

E no pescoço min marrá

Vô subi na caxa de fóço

E pra cabá quesse negóço

Da caxinha eu vô pulá.

Adeus quirida Terê

Fiqui aí cum seu Lió

Vô percurá u’a difunta pruquê

Ancim fica maismió

Pra cabá quêsse mistéro

Eu vô morá no cemitéro

Cum a difuntinha de Gió.

Abença grande poeta Heliodoro Morais, agradeço a sua interação, muita paz para ocê.

Heliodoro Morais

ômi num sêja mardôzu

êu num quéru máis Terê

Pur sê múitu caridôzu

Só quéru ajudá ocê

Êu chamei éla mêi rêi

Querênu dá uns consêi

Prá módi éla li querê

Você percisa sabê

Quêu num sô um cabra ruim

Tomém num quéru ocê

Múitu distânti di mim

O quêu ispéru, acredíti

É recebê o convíti

Prá módi sê sêus padrim

Abração amigo Airam e um bom final de semana!

Airam Ribeiro
Enviado por Airam Ribeiro em 12/09/2009
Reeditado em 12/09/2009
Código do texto: T1805860