O breguéço nun é tão fêi meu amigo/ interagindo com Heliodoro Morais

(Heliodoro Morais)

BREGUÉÇO TANTO ERA FEIO,

COMO ERA MENTIROSO

Meu amigo, sem frescura

Eu era feio demais

Eu tinha o bucho quebrado

Os pés voltados pra trás

Cada mão só tinha um dedo

Eu despertava com medo

De me tornar satanás...

Airam Ribeiro

Qui Heliodoro é fêi é

Quem sô eu pra dizê não

Se tu mermo nun cordé

Falô pra todo mundão

Mais Deus dexô tudo na vêia

Nasci um fêi, nasci u’a fêia

Praquê o disgosto intão?

Nóis tem é qui cunformá

Cum as feiúra qui nóis tem

Uns tem a feiura de robá

Aquilo qui não convém

É lindo a gente cê onesto

Tomém é fêi cê dizonesto

Qui tira as coiza de argúem.

Mais de toda essa feiúra

Eu tô aqui sastifeitio

Por nun vê ni tu criatura

O mais pió dos difeitio

Oiei cum todo coidiado

Qui tu nun foi um capado

Dos qui requebra perfeitio.

Tomém eu tive notano

Inté falei inda bem

Pruquê fiquei assuntano

Qui tu nun teve ôtro trem

Iantis qui eu isqueça

Foi o xife na cabeça

Qui meu amigo nun tem.

Feiúra nun paga imposto

E já pensô se fôsse pagá?

Tu já tava nun disgosto

Se aqueles ômi fosse te axá

Mais o carati do cidadão

Né midido pela feiúra não

É midido pela morá.

É, mais mintirozo meu sinhô

Tem no Congréço Nacioná

Eles mente pros inleitiô

Para os coitiado votá

É mintira e artimanha

Uns mente ôtros braganha

E os projeto nun sai do lugá.

Airam Ribeiro
Enviado por Airam Ribeiro em 02/09/2009
Reeditado em 02/09/2009
Código do texto: T1788736