Cordel filosófico
Vê a câmera dos olhos
Em sua fixa posição
Captando as velhas novas
Tão prováveis situações
Como não mudam seus pontos
Restringem observações
O cérebro, o raciocínio
Que processa o que ela vê
Julga e depois determina
A verdade que se lê
Das imagens que imprime
As idéias pra você
Se os ângulos não variam
Se as posições permanecem
As versões não contrariam
E as conclusões envelhecem
Então como poderiam
Ver no todo o que acontece?
Vão outras câmeras-olhos
Fixas noutras posições
Que enxergam tais imbróglios
Em idêntica situação
Alardearem o que colhem
E antagonizarem a questão
Visto assim tudo em pedaços
Cada um com seu quinhão
Agarrando os estilhaços
Das verdades-posição
Sem demoverem-se do espaço
Tal um filósofo ermitão
Cada um segue caolho
Com a oratória afiada
Impingindo o desaforo
Goela-abaixo da manada
Quando se desgarra um touro
É caçado às chicotadas
O limite conhecido
Não encerra o universo
O que não foi concebido
Não diz se é errado ou certo
Quero um pensamento amigo
O desconhecido em aberto