Indo e vindo>Autores: Damião Metamorfose & Eduardo Viava.

Damião Metamorfose

Muitos vivem na mesmice

Faz o que a tevê manda

Tenta sempre andar na moda

Mas só tenta nunca anda

Eu por não ser bitolado

Não agüento essa demanda

Eduardo Viana

Não gosto de propaganda

nem de endeusar ninguém

pra mim todo mundo é simples

como sou simples também

vivemos no sobe e desce

que a vida é um vai e vem

D,M

Quem viaja nesse trem

Tem passagem só de ida

Quando um sobe muito rápido

Fica no topo da vida

Se esquecer os degraus

Se arrebenta na descida

E, V

Enfrentando a dura lida

eu sigo no meu roteiro

não gosto de ser o último

nem quero ser o primeiro

bom mesmo é estar no meio

nas beiradas e no aceiro

D,M

Sou peça de um tabuleiro

Mas não sou dama nem rei

No dia em que eu nasci

Esse jogo eu comecei

Não sei dizer quando acaba

Nem se perdi ou ganhei.

E,V

Nessa vida sou um rei

a minha casa é meu trono

o meu reinado é o mundo

do qual todo mundo é dono

mas esse reinado é

da cor de um papel carbono

D,M

Um reinado em abandono

Um rei pedindo clemência

Um planeta agonizando

Por causa dessa demência

Nessa corrida maluca

Devagar não é prudência.

E,V

Trabalhei na emergência

pesquei piaba e traíra

peguei preá de quixó

em moita de macambira.

Em noite de malassombro

briguei com a pomba gira

D,M

Comi mel de jandaíra

Capuxu e italiana

A cera eu derretia

E todo fim de semana

Levava para vender

Pra levantar uma grana.

E,V

Por que a cêra é bacana

meu sertão ela retrata

é bom pra nascer cabelos

e vedar fundo de lata

serve para curar reima

Oh meu Deus que vida ingrata!

D,M

Daquela vida pacata

De fome ou só precisões

Eu lembro que um preá

Rendia cinco porções

Se a comida era pouca

Menor eram as ilusões.

E, V

Em várias ocasiões

eu e o finado Chico

ia-mos vender carvão

transportado num jerico

mas o sertão tá mudado

todo mundo lá é rico

D,M

Tem coisas que eu critico

Começa pelo forró

O que toca por aqui

É ruim de fazer dó

O que não é viadagem

É uma putaria só.

E,V

Um jogo de dominó

é mellhor que certas festas

porque só tem putaria

em forrós e em serestas

poesia, cana e quenga

as minhas farras são estas

D,M

Não troco as minhas arestas

Por diversão perigosa

Sou mais um bom violão

Musica suave e gostosa

As festas de hoje em dia

Tem mais espinhos que rosa.

E,V

Adoro uma boa prosa

onde não tenha receio

no vai e vem da polêmica

difícil é quem bote freio

quer ver conversa sem fim

tenha política no meio

D,M

E uma torta sem recheio

Um churrasco sem farinha

Puro miolo de pote

Um político em ladaqinha.

Nem convido pra entrar

Esses tipinhos mesquinha.

E,V

Sou feito galo de rinha

valei-me meu "pade ciço"

quando um vereador fala

boto isca no caniço

pra ver ele se perder

eu chego perto e atiço

D,M

E eu pulo o passadiço,

Num corre e corre avexado.

Rapidinho igual guiné,

Nesse vuvo-vuco alado.

Viro criança outras vezes,

Indo e vindo no passado.

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 31/08/2009
Código do texto: T1784147
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