A MORTE É A VIDA DA VIDA E A VIDA É A MORTE DA MORTE
Viver é um longo caminho
A morte é uma curta estrada
Porque os homens são tão perversos
Se nasceram de uma gozada?
Viver é um riso que chora
A morte é um choro feliz
A vida só escuta agora
Aquilo que a morte diz
Viver é um mar sem água
A morte é terra molhada
Porque a raça humana se mata
Se na terra será enterrada
Viver é um ar que nos falta
A morte, um fogo que não se apaga
Porque o homem é feroz
Se a morte é o que lhe afaga?
Porque o homem é tão triste
Se a vida assim existe?
Porque o homem é tão mal
Se a morte é seu terminal?
Porque o homem é tão amargurado
Se viver é poder ser amado?
Porque o homem quer se matar
Se morrer é deixar de amar?
Porque é infeliz o viver
Se o homem nasceu do prazer?
Porque reclamas da vida
Se na morte não queres guarida?
Escolha, ou morres ou vives!
Se queres a vida, viva!
Se queres a morte, não ore!
Se queres morrer, prossiga...
Se não queres, não chore!
Escolha, ou morres ou vives!
A vida lhe foi dada
A morte é coisa roubada
Se queres mesmo a vida
Não morra na sua morada.
Escolha, ou morres ou vives!
Se não queres a vida, morra!
Se não queres a morte, não chore...
Se queres morrer, não siga!
Se não queres, ore!
Se tens pesar à vida
Porque não logo roubas a sorte?
Porque tens medo da vida,
Se mais medo tens da morte?
Só um bravo e forte xinga o viver
O fraco não tem esse direito
Não despreze a vida se não é capaz de morrer
Da vida a morte é o sujeito
O homem reclama da vida
Mas teme a morte com muito medo
A vida não tem mistério
Mas a morte... a morte é um grande segredo!
Não há corpo que o homem não agrida
Ao mesmo tempo apanha do corte
Se não consegue morrer na vida,
Como vai conseguir viver na morte?
O homem agride a vida como um animal enfurecido
Ao mesmo tempo apanha da morte como cão covarde
Tem coragem de viver a morte vivo sem alarde
Mas não tem coragem de matar a vida e ser esquecido
Você homem, agride a vida e ela que se socorra
Ela apanha mas não se enterra
Tudo bem... Morra!
Você quer é fazer guerra!
Guerreias a vida por tudo e de repente
Morre no seu medo
Por ter medo de gente
Não me aponte o dedo
Pois eu sou inocente
Não tenho pavor de segredo
Sou poeta e minha arma é meu repente
Você diz ser a vida algo feroz
Se a morte é assim fraquinha,
Morra, seja veloz!
Não queira verr virtude onde não há
Se a vida é essa escória
Desapresse, ande devagar
É na gana do teu desejo
Que a morte vem mais cedo te pegar
Você não sabe onde mora a flor
Ver na morte redenção
E na vida ver a dor
Então morra infeliz!
Mostre que você é arretado
Você reclama do viver e se curva no morrer
Vamos! Seja caçador, ou seja, caçado!
Desacabrunhe homem, infeliz!...
Desabroche, seja forte
Escolha um lado
Ou amas a vida ou amas a morte?!