A rainha da esquina

Carolina

Ainda era menina

Quando seu pai a deixou

Só por força do destino

Porque o senhor Isaltino

Sempre a amou

Carolina tinha um pai exemplar

Que só pensava em trabalhar

Pra sustentar a família

Nunca foi um pai ausente

E sempre trazia presentes

Pra sua querida filha

Uma tarde ele chegava

Na casa onde morava

Cansado de seu labor

Encontrou a sua amada

Em sua cama deitada

Com outro a fazer amor.

Pobre Isaltino!

Levou um golpe do destino

Não acreditou no que via

Quase morreu do coração

Com aquela humilhação

E de nervoso até tremia

Quem conheceu essa historia

Guardou sempre na memória

Aquele triste acontecimento

Ele vinha do trabalho

E não da farra ou do baralho

Pra merecer aquele tormento

Não conseguindo raciocinar

Pensou ate em se matar

Dar cabo da própria vida

Sem pensar nas conseqüências

Ou em outra saída

Partiu logo pra violência

Dizem os habitantes

Daquele rincão distante

Onde nada ou quase nada

De ruim acontecia

Que foi a coisa mais chocante

Que aconteceu naquele dia

Um homem desesperado

Que não se conformava

Em ter sido corneado

Olhou para os dois na cama

Viu sua honra na lama

E isso já lhe bastava

Aquela cena humilhante

Tirou-lhe a própria razão

Sacou de um tresoitão

Que trazia na cintura

E num ato de loucura

Disparou contra os amantes

A pequena Carolina

Filha de Isaltino e Marina

De nada sabia

Tinha ido passear

Durante o feriado escolar

Na casa de uma tia...

Depois daquele mal feito

Ficou desorientado

E até se sentiu culpado

Ainda sem raciocinar direito

Entregou-se para as autoridades.

Daquela pequena cidade

Um crime passional

Virou manchete de jornal

O pobre homem traído

Foi preso e condenado

O bom pai e bom marido

Acabou na prisão do estado

Para poupar a menina

Da situação vexatória

Ocultaram dela a história

E a pobre Carolina

Soube da estória a metade

E outras meias verdades

Cumpriu a sua triste sina

Desprezada desde menina

Abandonou a escola

E chegou a pedir esmola

E assim Carolina cresceu

Rolando sem ter um lar

E o pior aconteceu

Acabou por se marginalizar

Na vida de muitas lutas

Ela se tornou prostituta

A bela Carolina

Anda ai pelas esquinas...

Carlos Casturino Rodrigues
Enviado por Carlos Casturino Rodrigues em 28/08/2009
Reeditado em 27/04/2010
Código do texto: T1779625
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