Filho da p´átria> Autor: Damião Metamorfose.
Filho sem mãe e sem pai,
Que vive perambulando,
Que não sabe aonde vai,
E tem que viver sonhando.
Filho que vive esmolando,
Que não tem lugar seguro,
Que não sabe como e quando,
Terá um porto seguro.
Filho que já foi tão puro,
Mas a escola da vida,
Mesmo tão jovem imaturo,
Transformou-o em homicida.
Filho que não vê saída,
Para o seu mundo cinzento,
Alma tombada e sofrida,
E a matéria em desalento.
Filho que vive ao relento
Que bebe lagrimas calado,
E quando busca acalento,
Tem seu direito negado.
Filho que sofre calado,
Que ninguém escuta o choro,
Sozinho vive isolado,
Quer amor, tem desaforo.
Filho sem lar, sem tesouro,
Que sente o ódio e revolta,
Que não sabe o que é decoro,
Onde vai e quando volta.
Filho que às vezes se solta,
Liberta-se do passado,
Mas a tristeza te escolta,
Em seu peito injustiçado.
Filho com o sonho roubado,
Que respira preconceito
Prostituído é forçado,
A sempre tirar proveito.
Filho que perde o respeito,
Pra poder sobreviver,
Não sabe o que é direito,
Amor carinho e laser.
Filho que vai se perder,
Por ter sido excluído,
Vira adulto sem crescer
E morre sem ter vivido.
Filho que já foi ferido,
Que só sabe o que é dor,
Que tem desejo contido,
De ter e doar o amor.
Filho sofre o horror,
E o ódio por onde vai,
Filho que não tem pudor,
Que o ilícito te atrai.
Filho sem mãe e sem pai
Filho sem pátria e sem par,
Filho que em lagrimas se esvai,
Filho sem amor pra dar...
Mesmo assim, vive a sonhar.