A Moça do Barracão
Alguns amigos se reuniram
E inventaram uma competição
Todos teriam que tentar conquistar
Um impenetrável e estranho coração
Que não conhecia a arte de amar
E nada sabia dessa coisa de paixão.
Ela era jovem mas se vestia como velha
Por debaixo do vestido usava um calção
Muitos até a considderavam uma cinderela
Mas saiba que num era nada disso não
O que todos queriam era conquistar ela
E assim ganhar o dinheiro da competição.
Um por um foi chegando perto
Sempre com uma história decorada na cabeça
Mas ninguém se metia a esperto
Porque a moça era sabida tenha certeza
Ela desconfiava que num tava certo
Aqueles homens lhe chamarem de princesa.
Nenhum conseguiu despertar a atenção
A moça parecia ter bom gosto
Apesar de morar num barracão
Ela nem virava o rosto
E nem notava que com sua educação
Estava causando sensação e desgosto.
Meus amigos ficaram ainda mais animados
Quanto mais difícil a presa mais emoção
O causo é que já havia alguém apaixonado
E esse fato causava uma certa irritação
Porque isso não havia sido combinado
E a corrida atrás da moça carecia de anulação.
Ficou acertada uma última tentativa
E quem conseguisse seria o vencedor
Os apaixonados saíram da comitiva
E deixaram aberto um grande corredor
A moça permanecia ali altiva
E nem dava importância pra nenhum competidor.
Um dia aconteceu uma coisa estranha
A moça deixou de usar vestido
A turma ficou numa dúvida medonha
O que teria acontecido ?
Deixou de ter aquela face enfadonha
E mostrou para aqueles homens um novo estilo.
Passou a usar calça comprida
E deu um jeito de arrumar o cabelo
Isso deixou aquela gente desprevenida
E causou uma série de atropelos
Pois à noite a viram na avenida
E disseram que a moça parecia uma modelo.
Na verdade ela arranjou um namorado
E estava doida pra se casar
Meus amigos estavam mal informados
Aquela era uma moça do lar
Ninguém ganhou a competição isso estava sacramentado
O negócio era esquecer num tinha jeito a dar.
O casamento foi uma grande festa
A moça casou com um industrial
Contrataram uma grande orquestra
Pra tocar no fundo de um quintal
Industrial era o apelido daquela peça
Que jurou fidelidade matrimonial.
E assim chega-se ao final dessa história
Meus amigos hoje estão bem casados
Foi um fato que eu trouxe da memória
Pra mostrar que sou bem relacionado
E agora que contei vou embora
Pois hoje à noite tem dança braba lá no meu tablado.