Um pouco da nossa terra> Autores: Damião Metamorfose & Tarcisio Mota.
Damião Metamorfose
*
O Brasil do pau brasil
Brasil do porto seguro
O Brasil de tantas raças
Branco, pardo, preto, escuro
Brasil que tem no nordeste
A solução pro futuro.
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Tarcísio Mota
*
O Brasil do homem duro
Pela seca castigado
O Brasil do homem de bem
Que não se vê derrotado
Enfrenta seca e enchente
Pela fé alimentado
*
D,M
Brasil de um solo sagrado
Aqui se plantando dar
Nosso subsolo é rico
Do centro oeste ao mar
Só precisa investimento
E know-how pra trabalhar.
*
T, M
Com água para irrigar
O nordestino festeja
Afinal, é contra a seca
Sua eterna peleja
Mas, se a chuva demora
Em pouco a roça fraqueja
*
D,M
Em casa ou na igreja
Exercemos nossa fé
Uns fazem protesto e roubam
Imagens de são José
Só devolvem quando tem
Milho maduro no pé.
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T,M
Minha igreja, Candomblé
O meu santo é Oxalá
Vestido de lindo branco
Armado com a Idá
É ele quem eu saúdo
Ô meu pai, Èpa BÀbá
*
D,M
O melhor pais que há
Para viver é aqui
Já fui pro sul e sudeste
Leste oeste e cariri
Mas vou falar do nordeste
O lugar que eu nasci
*
T,M
Meu bairro, Periperi
A cidade, Salvador
É terra do carnaval
Do axé e do amor
Abençoada em tudo
Por Deus, o nosso senhor
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D,M
Meu nordeste tem valor,
Do serrado a caatinga
Tem petróleo, tem minério.
Tem o álcool e tem a pinga,
Tem o sal e tem o sol
E se tiver água vinga.
*
T,M
Ponho água na moringa
Abasteço o matolão
Com rapadura e farinha
E monto o meu alazão
Vou galopando apressado
Atravessando o sertão
*
D,M
Meu nordeste tem são João
Onde a quadrilha não mata
Pico vale e cachoeira
Que ao chover tem cascata
Se investir no turismo
O cascalho vira prata
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T,M
A fogueira bem pacata
Que ao São João anima
Juntamente com o licor
Faz o povo entrar no clima
Vendo a fogueira queimar
Quer pular, passar por cima
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D,M
O nosso cordel tem rima
Tem métrica, tem oração.
Tem o Leandro de Barros
Patativa e Lampião
E temos Luiz Gonzaga
O nosso rei do baião.
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T,M
Tem o mestre Damião
Ensinando como faz
As rimas com perfeição
Pra esse humilde rapaz
Que sonha em ser poeta
Ou um rimador sagaz
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D,M
Aqui não temos rabaz
A nossa gente é pacata
Humilde e hospitaleira
Inteligente e sensata
Não gostamos de cochicho
Falamos tudo na lata.
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T,M
Nossa peleja arrebata
Da platéia o sorriso
Nossa poesia é sincera
É feita no improviso
Muita atenção ao ler
É meu único aviso
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D,M
Nesse desafio eu viso
Abordar toda riqueza
De Natal a Salvador
De Recife a Fortaleza
Passando o nordeste a limpo
E explorando essa beleza.
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T,M
E isso vai ser moleza
Nós faremos com louvor
Vamos seguir compassados
Pelo toque do tambor
Canto a Cidade do Sol
Ou a minha Salvador!
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D,M
Natal tem sol e calor
Humano e também climático
Tem rio, praias e dunas.
E um limpo lençol freático
Tem o maior cajueiro
E um povo muito simpático...
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T,M
Pode parecer apático
Na sua rede, deitado
O baiano é tranquilo
Nada o faz atrapalhado
Tendo um bom acarajé
Ele está de bom agrado
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D,M
Quem vier no meu estado
De janeiro a janeiro
Guarde o blazer e a gravata
Ponha um short bem maneiro
Porque mesmo no inverno
Vai ter sol o ano inteiro.
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T,M
Em Salvador, companheiro
Não é muito diferente
Aqui não existe frio
Mesmo o gelo aqui é quente
Por isso,que a nossa costa
Todo tempo é excelente
*
D,M
Mossoró é atraente
Lá se respira cultura
É a cidade do sal
Também da agricultura
E tem Antonio Francisco
Mestre da literatura
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T,M
Nazaré está a altura
Por isso rimo de graça
É terra da boa pesca
Da farinha e da cachaça
E os velhinhos de lá
São maestros na pirraça
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D,M
Mossoró tem muita praça
Se tem praça tem um bar
Se tem um bar tem anônimos
Doido pra se revelar
Que faz verso e toma pinga
E se der, sai sem pagar.
*
T,M
Em Nazaré um lugar
Conhecido por fontinha
É o point da cidade
É pra lá que se encaminha
Todo homem solitário
Que procura uma "festinha"
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D,M
Agora vou pra varzinha
A cidade que eu nasci
Dei os meus primeiros passos
Na infância aqui vivi
Se ficar velho é ser grande
Posso dizer que cresci.
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T,M
Já pesquei muito siri
Usando só jereré
Nos rios de água salgada
Na sagrada Nazaré
E isso é que aumenta
Minha força, meu Axé!
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D,M
A padroeira aqui é
A casta santa Luzia
Sua procissão é linda
Com fogos e alegoria
Depois tem uma micareta
Pra quem gosta de folia.
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T,M
A Iemanjá, todo dia
O pescador agradece
Na saída e na chegada
É pra ela a sua prece
Só assim tá garantido
Só assim a pesca cresce
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D,M
Se é que te interesse
Aqui tudo é diferente
Só tem uma avenida
Tem mais lixo do que gente
E a nossa micareta
Quem organiza é uma crente.
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T,M
Em Nazaré, o presente
Que oferecem a Iemanjá
Dia dois de fevereiro
Tem perfume, tem ejá
Sou filho da mãe das águas
Também saúdo Odoiá
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D,M
Daqui vou ao Ceará
Com parada em Juazeiro
A terra do padre Cícero
Por lá não falta romeiro
Caravana todo dia
E o sol brilha o ano inteiro.
*
T,M
Eu vou falar do celeiro
Da cultura do nordeste
A cidade é Serrinha
Terra de cabra-da-peste
Apesar de magnífica
Nela pouco se investe
*
D,M
Juazeiro é conteste
Lá se respira cultura
Tem cordel pra todo gosto
Artesão em escultura
E sua rede hoteleira
Também tem boa estrutura.
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T,M
Serrinha não tem frescura
É terra de homem forte
É terra de cordelista
Artista de toda sorte
Bom lugar para um poeta
Ir procurar o seu norte
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D,M
Pra quem gosta de esporte
Humor, praia e natureza.
Comida boa e cachaça
Ou de um tudo na mesa
Vá a terra de Iracema
A capital Fortaleza.
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T,M
De Serrinha, a beleza
Maior é a vaquejada
Não somente pela festa
Mas também pela boiada
Sendo jogada ao chão
Pelo vaqueiro e laçada
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D,M
No forró a mulherada
Que vem aqui pro nordeste
Esquece moda caipira
E no remelexo investe
Então deixe o touro em casa
Venha pra cá e me teste
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T,M
Achando mulher que preste
No forró eu me acabo
Sou forrozeiro dos bons
É só disso que me gabo
Pra me agarrar com morena
Topo até arranca-rabo!
*
FIM.