Mulher Paraense
Essa anda com a peixeira escondida na roupa
Tem a voz grossa e não costuma ser bonita.
O que tem de vergonha em se embelezar,
sobra em raiva pra matar.
Tem a hora do homem chegar,
porque se desafiou à sua regra,
O pai vai lhe atirar
É filha de coronel, comerciante ou fazendeiro
não admite ser traída
e jamais aceita ser a donzela ferida.
De donzela mesmo, só tem o nome
ou melhor, o sobrenome,
é feia pra chuchu,
e o marido lhe agüenta, não pelo amor,
mas pra não ficar como entrou
nu
O pobre se casou pela simpatia
não sabia da dinastia
achou que seria do alto escalão
virou mesmo, foi um sem noção
É chamado de doido na rua
porque vive atravessado pela mulher
ela lhe desse pela guela
ele não pode lhe matar
e ele tá doido mesmo é de se esgoelar.
Ela é que nem xerife de cinema americano
falou tá dito, tem dúvida, vai apanhar, não entendeu, vai estudar, perguntou de novo, vai pra cadeia.
Com ela ninguém titubeia
É mulher que nem capitão
só anda mesmo
é com a peixeira na mão