O padre jogador> Autor: Damião Metamorfose.
Padre novo na cidade...
É sempre aquela euforia.
Tem novena toda noite,
Terço todo santo dia.
Fila pra se confessar,
Pra casar e batizar,
Fila que vinha e que ia.
Mas fora da sacristia,
O padre novo em questão.
Tinha como passa tempo,
Laser, robbie ou diversão.
Um vicio meio atinhado,
Que era jogar carteado,
Com os fieis da região.
Sorte ou roubo, sim ou não,
Sei que ele quando jogava.
De oito a oitenta anos,
O vigário afulibava.
E o povo do povoado,
Com o padre viciado,
Uma sequer não ganhava.
Certo dia o padre estava,
Em uma celebração.
Fervoroso como sempre,
Gesticulou com a mão.
Foi cartas pra todo lado,
E ele mais que apressado,
Já emendou no sermão.
Temendo a retaliação,
Foi astuto e delicado.
Chamando uma criancinha,
Para ficar do seu lado.
Com voz firme e com fervor,
Disse – filho, por favor,
Faça o que lhe for mandado.
Escute-me com cuidado,
Faça o que vou te ordenar.
Pegue as cartas, diga os nomes,
Uma a uma, sem errar.
E a criança foi depressa,
Dizendo: essa e mais essa,
Junto ao padre no altar.
O padre pra se esquivar
do erro, um minuto atrás.
Disse – vejam essa criança,
Conhece do dois ao ás.
Nessa idade é viciado,
No jogo do carteado,
É coisa do satanás.