O SENHOR JA VIU ELEFANTE?

O SENHOR JÁ VIU ELEFANTE?

Nóis, o povo aqui da roça,

Pode inté falá qui isboça

Mais pudor, do que os outro,

Nóis pensa bem como falá,

Que é pru rostu num vermeiá

Dispois que falô bestera

Mordi o povo num repará

Ainda guardamu os custume

Dos tempo do nosso avô,

Quandu a moça ta no pontu

E ta quereno namorá...

O rapais tem que vim cá

E pidí a sua mão, e só

Cumeçá então, dispois que o pai dexá

Coitado do Jão Franguinho

Desse, num vô misquecê

O que teve que fazê

Pra cumeçá namorá,

Num tinha papu o cuitado

E prus mar dos seus pecadu

Tinha que na casa cumê

Quando o véio perguntô

O seu nome compretinho

Dizia sê Jão Franguinho

Só pra Pinto num falá

Então mudo pra Franguinho

Pra miózinho ficá, e a moça

Nunsispantá, do nome que batizo

Dispois da janta então

Cumeçô a cunfusão,

Já é hora di falá...

Da moça pedi a mão...

Mais, cumé vai cumeçá?

Di qui jeito vai fala?

Se num tirô opinião?

E as hora foi passano

E o Jão num cumeçava

O veio já aguniava

Da demora do pião

Inveredô pirguntá

Cumé que tava os leitão

Se já dava pra assá

E o Jão sem tê resposta

Num sabia o que dizê

Nem porquinho ele tinha

Já nu pontu di cumê

Cumeçô garguejá

Num cunsiguia falá

Di tanta água bebê

Inventô um papu loco

Idéia mais infeliz

Pois já tava meio roco

E com cocêra no nariz

Dispois di tanto garguejá

E sem tê o que falá

Disse memo o que num quis

Deu um suspiro bem fundo!

Já tava no outro mundo

Quando resorveu pirguntá:

-O sinhor já viu elefante?

O véio chaquaiô o ombro

E lhe pirgunto:-Por que?

-Ô bicho do------grande né?

IVANY

Ivany, achei maravioso

Nesse falá sertanêjo

Tirô um pinto pompôzo

Ja franguinho seu desejo

Pru sê munto vregonhado

Mas, da moça namorado

Na hóra teve gagêjo

Quando eu era um rapaz

Em vila velha morava

Eu mentia pra molecada

Quando um circo chegava

Dizia pra muito jornal levar

E a entrada do circo não pagar

Algum achava intrigante

E perguntava no instante

Por que eles querem jornal

E eu achava super normal

Falar com minha cara- de- pau

Pra limpar a bunda do efefante

PEDRINHO GOLTARA

Gostei do teu jeito assim

Pois quem foi nascido e criado

Dentro do meio rurá

Cuma eu fica encantado

Com teu jeito de falá

Ou melhor, de escrever

Mas nos dá grande prazer

Com a tua inspiração

Esse jeito de falar

Do povo do meu sertão

Mas fiquei em confusão

Com o teu nome escrito

Não é feio nem bonito

Na foto não está esrito

E quem és lá no telão

CAGA SEBO DO NORDESTE

Brigádu dona minina

Pela visita di tú

Eu fiquei muntio cuntente

Currí alégre ingual nhambú

Vuncê tombém é da roça

Um abraço do véiu cururú

CATULO

Êita que pápu da pésti

Num si liga nas antena

Si fôssi aqui no nordésti

Nóis ia arrancá as pena

E pra dexá di sê frôxo

Nóis dexava o côrno môxo

E fugia cá morena

HELIODORO MORAIS