PREMATURO NUNCA

O poeta, do papel é o diabo

Das palavras é o deus

Do pensamento é o mago

Da mitologia, o Zeus

Viajei via láctea

E lá via nuvens andar

Vi são Jorge lutar contra um poeta na lua

E a luta o poeta ganhar

Nunca vi uma noite crua

Nem de dia raposa uivar

Já voei com morcego

Fiz macaco parar de pular

Com meus versos tomei uma muié tua

Com minha faca fiz você se cagar

Deixei tua muié toda nua

Pra mode ela amar

E na hora do vamo ver

Ela botou pra moer

Dizendo que ia me capar

Eu gritei pra ela:

Muié tem calma com isso

Deixe de rebuliço

Pois na vida cuidado temo que ter

Por favor não me bote pra correr

Deixe a coisa como tá

Possa ser que depois dum tempo

Nasça um menino

Um danado bem cretino

Que só vai querer mamar

Uma noite não se faz só trepando

Uma noite tem muito cheiro de flor

Um prazer não se faz só se dando

Ter carinho é também ter amor

Tem muié que pensa que homem só quer trepar

Um homem também tem doçura

Num vive só querendo a coisa dura

Também tem desejo de amar

E o amor, ah... o amor não é só de cama

No colchão é onde existe a maior trama

A muié desconfia que o homem não presta

E o homem que a muié não lhe ama

- E pra que infeliz?... pra quê?

- Pra quê botou meu marido pra correr

- Se na noite me deixa sozinha?

- Calma muié danada...

- É só essa noite assombrosa

- Vamo trocar mais uma prosa

- Nessa noite escurinha

Depois... os resto do dia e noite

Tu vai provar do meu açoite

Vou matar tua agonia

As conversa vão simbora

Vou matar a nossa prosa

E a gente vai ser só poesia

Não te quero só agora

Te roubei não foi a toa, querida

É em mim que você mora

Te roubei pra toda a vida

E quando a gente tiver junto

Vou apagar o sol

Vou levantar defunto

Vou escurecer o dia

Vou fazer o mar secar

Vou criar a minha cria

Vou fazer o céu brilhar

Dessa vez ele pode nascer

Num vou ta nem aí pra ocê

Vou fazer crescer seu bucho

To nem aí se o cretino mamar

Nem venha se lamentar

Se deixar seus peito murcho

Será nosso menino, muié!

Que deus mandou pra gente

E nem me venha com oxente!

Eu sei que você quer

Só não pode ser numa noite só

Deve ter muita preparação

Um fi num nasce da barriga,

Nasce do coração...

Por isso ele nasce sangrando

Pequenino e cabeçudo

Um fi deve ter escudo

Deve ser feito se amando

Numa só noite eu só teria corpo

Um aprazer e uma decepção

Eu precisava ganhar você

Pra depois ganhar seu coração

Você não escolhi por acaso

Não te peguei dentro dum vaso

Pois eu não queria uma serpente

Queria uma muié bonita e um bocado sorridente

Precisei matar aquele frouxo

Que num aguentou nem o primeiro arroucho

Saiu correndo feito um louco

Fiz dele muito pouco

Mas saí com olho roxo

Por você mãe de meu futuro filho

Eu voava até em estrela cadente

Do cometa apagava o brilho

Se fosse preciso, beijava uma serpente

Sem você minha vida seria um desatino

Um trem sem trilho

Ter você é meu destino

E o destino do meu filho!