NESSA VIDA QUEM PEGA O BONDE ERRADO VAI PARAR NA ESTAÇÃO DO DESENGANO.

Isabella, propôs uma peleja

De Heliodoro Morais com o Henrique.

Pra enfrentar Heliodoro falta pique.

Porque no cordel ele jamais fraqueja

E eu ia entregar-me de bandeja

Porque pra duelar com esse fulano

No cordel tem que ser um bom decano

No repente já seja acostumado.

Nessa vida quem pega o bonde errado

Vai parar na estação do desengano.

Nesta vida enfrenta-se o Satanás

Senador, deputado e presidente

Mas não quero ter Morais pela frente

No cordel é um mestre bom demais

E não é feio perder pra este ás.

Isabella, se aceito entro num cano

Vou apanhar tal jumento de cigano

Como já sou um gato escaldado,

Nessa vida quem pega o bonde errado

Vai parar na estação do desengano.

Eu prefiro daqui do meu lugar

Sem expor muito meu conhecimento

De vez em quando dando um incremento

De Heliodoro cordéis apreciar

Pra não ter muito que me arriscar.

Fica feio pro meus quase sessenta anos

Me meter num desafio tão insano

E com o espinhaço sair assado

Nessa vida quem pega o bonde errado

Vai parar na estação do desengano.

Eu até já enfrentei dissabores.

Entretanto, não foi desse quiilate.

Isso não é desafio, é disparate

Nas mãos dele eu vou sofrer horrores

Depois terei que morar de favores.

Numa dessa só entro por engano

Porque depois de sofrer muitos danos

Ninguém quer um poeta tão arrasado

Nessa vida quem pega o bonde errado

Vai parar na estação do desengano.

Isso não significa seja medo

O herói é quem não pôde correr

Também da vida faz parte perder

Mas não quero servir de samba enredo

E nem quero que me apontem o dedo

E que digam aquele é o fulano

Que aqui muito apanhou há um ano

Tudo que eu fizer ser questionado

Nessa vida quem pega o bonde errado

Vai parar na estação do desengano.

Aqui temos que encarar desafios

É a vida uma luta sem trégua

Não importa se na baixa da égua.

Mas que leva anos e anos a fio.

Porém, muitos vivem só a ver navio,

Um não tem condição outro sem plano,

Assim vai-se vivendo o cotidiano

Em apuro ou mesmo sossegado

Nessa vida quem pega o bonde errado

Vai parar na estação do desengano.

No Brasil, ontem foi a revolução.

Depois veio o tal do Color de Melo.

Itamar foi quem quebrou esse elo.

O Fernando também meteu a mão.

No do Lula se criou o mensalão

O dinheiro do povo foi sugado

Até dentro de cueca foi afanado

Ontem Câmara e hoje o Senado

Nessa vida quem pega o bonde errado

Vai parar na estação do desengano.

MOTE: HELIODORO MORAIS.

GLOSA: HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO

FORTALEZA, AGOSTO/2009.