São os erros do passado, mas existem no presente, Autor: Damião Metamorfose.
Mulher de pele queimada,
Homem sem muita opção.
Criança de pés no chão,
Semi – alfabetizada.
Ambas com mão calejada,
Da enxada e o sol quente.
Tão jovem e faltando um dente,
Mais um sorriso roubado.
São paisagens do passado,
Mas existem no presente.
Famílias de retirantes,
As margens da rodovia.
Pá, enxada e mão vazia,
Pede esmola aos viajantes.
Acredito que eles antes,
Tiveram um lar decente.
Falta de chuva ou enchente,
Deixou-os desabrigado.
São paisagens do passado,
Mas existem no presente.
Jovens se prostituindo,
Masculino e feminino.
Apostando em um destino,
Que aos poucos vai destruindo.
Drogados vivem sorrindo,
Com semblante decadente.
Morre como delinqüente,
Numa vala é enterrado.
São paisagens do passado,
Mas existem no presente.
Os tais direitos humanos,
Desumanos eu diria.
Só defende a maioria,
Dos assassinos tiranos.
Criminosos levianos,
Riem na cara da gente.
Não enxerga um palmo à frente,
Quem faz as leis no senado.
São paisagens do passado,
Mas existem no presente.
Classes altas viram médias,
Com a queda viram baixas.
Mas saem as ruas com faixas,
Para políticos comédias.
Jornais só vendem tragédias,
Tevê fantasia e mente.
A policia passa o pente,
Justiça solta o culpado.
São noticias do passado,
Mas existem no presente.
É o ano da mudança,
Vamos votar com amor.
Se eu for o vencedor,
Dou trabalho e segurança.
Para o idoso ou criança,
O jovem e o emergente.
Enfim pra toda essa gente,
Eu vou trabalhar dobrado.
São promessas do passado,
Mas existem no presente.
Os ricos assaltam os pobres,
Prefeito assalta o estado.
O banco é assaltado,
E assalta plebes e nobres.
Na corrida pelos cobres,
Quem for mais inteligente.
Ganha para presidente,
E o país é saqueado.
São assaltos do passado,
Mas existem no presente.
Crianças são extorquiras
Dentro da sala de aula
Feito animais nas jaulas
Com medo dos homicidas
E as loterias das vidas
Que vicia o inocente
Professor e dirigente
Ver tudo e fica calado
São mazelas do passado
Mas existem no presente.
Existe o trabalho escravo
Na zona urbana e rural
Fazendas tipo curral
Que colhem trafico e conchavo
O salário é um oitavo
Do mínimo que é vigente
O futuro dessa gente
No presente é violado
São senzalas do passado
Mas existem no presente.
Mãe que abandona o rebento,
Por loucura ou vaidade
Ou que mata por maldade,
Em um ritual sangrento.
O sistema cego e lento,
De tudo isso é ciente.
Mas age incoerente,
Sem sequer olhar pro lado.
São barbarias do passado,
Mas existem no presente.
A fila nos hospitais,
Chega a dobrar quarteirões.
Maus tratos, humilhações,
Cidadãos viram animais.
Seja sertão, centro ou cais,
Desse país continente.
Só atendem o paciente,
Quando está desenganado.
São descasos do passado,
Mas existem no presente.
Mestres em pedofilia,
Aliciando crianças.
Roubando-lhe as esperanças,
De ser feliz algum dia.
Eu usei a poesia,
Para ser mais coerente.
Leia os escritos e comente,
Passe a frente esse recado.
Denunciando o passado,
Que insiste em ser presente.