O final do rico ou pobre Autor: Damião Metamorfose.
Pensei que já tinha escrito,
De tudo que há de novo.
Como coisas que não gosto,
Que gosto e não me comovo.
Sempre evito ser banal,
Mas pra ser original,
Eu entro até num ovo.
Sou um poeta do povo.
Um matuto urbanizado.
Canto terra e animais.
Vegetal vivo e tombado.
O mundo de antigamente,
E o futuro ali em frente,
Que sempre imita o passado.
Eu estou sempre antenado,
Com esse mundo moderno.
O que eu vejo, eu arquivo,
Na mente, book ou caderno.
E quando estou ocioso,
Transformo o que vi, em gozo,
Ou arquivo sempiterno.
Sei que ninguém é eterno.
“Esse é o ponto da questão”
Cada dia é uma luta,
Cada luta, uma missão.
A cada missão cumprida,
Menos um dia de vida,
Que pode ou não ser em vão.
Procuro tirar lição,
Em tudo aquilo que faço.
Usando a inteligência,
Para descansar o braço.
Porque quem não articula,
Antes de velho se anula,
E o nulo é quase o fracasso.
Quando a gente encurta o passo,
Desmorona a fortaleza.
Todo o vigor se acaba,
Com a matéria indefesa.
É a partir dos cinqüenta,
Que a maquina se arrebenta
E o predador vira presa.
Com isso vem a riqueza,
Que o passado acumulou.
Das noites que não dormiu,
Dias que não descansou.
Se o tempo o deu, ele toma,
A decadência é a soma,
Do que se depositou.
Do que você planejou,
Sobrou a velhice ingrata.
Sua vasta cabeleira,
Fica espessa e cor de prata.
Dentes brancos esmaltados,
Hoje estão restaurados,
Com platina, ouro ou lata.
Sua aparência retrata,
Apontando vários fins...
Articulações de ferro,
Cheio de pedras nos rins,
Pé com chumbo acumulado,
O sangue é açucarado
E a coluna tem cupins.
Vivendo momentos ruins,
Relembrando as boas fases...
Seu eco já não ecoa,
O que fala não dá frases,
Abdome virou pança,
E o pouco que come lança,
Um bombardeio de gases.
Se tentar fazer as pazes,
Com a velha juventude.
Só encontra u.t.i.s,
Que seu plano de saúde.
Sua estadia não cobre,
E o final do rico ou pobre,
É no famoso ataúde.