O Diabo anda solto

Vou contar em poucos versos

Um fato na minha versão.

Se passou há poucos dias

Quem quer sorrir que sorria.

Pode acreditar ou não.

O diabo anda solto,

Está rondando esta mansão.

Tudo parecia calmo,

De repente o barco vira.

A maré subiu na popa,

Caiu a mosca na sopa

O relógio nem se quer gira.

O diabo anda solto,

E esta casa está na mira.

Corre Anaclécio apressado

A coisa parece feia

Pega logo uma toalha

Grita – o coração do mestre falha,

O sangue fugiu da veia.

O diabo anda solto,

E quer comer a Santa Ceia.

Frei Benício cai de cama

Foi menor a sua sorte.

Vê que está passando mal,

Corre logo ao hospital,

Antes que lhe chegue a morte.

O diabo anda solto,

Não há ninguém que o suporte!

Se completa a profecia

Do beato Damião:

- Antes que o galo cante,

Haverá quem não levante,

Seja humano, ou seja cão.

O diabo anda solto,

E o bicho é redumão.

O amigo do alheio

Veio a casa visitar

Entrou na lavanderia

Pegou roupa a reveria

Sem ninguém a lhe escoltar.

O diabo anda solto,

E quer dos pobres tirar.

Deixemos o roubo prá lá

Vou contar outra história

Das façanhas do infernal

Que veio abater o Chacal

Só ficando na memória.

O diabo anda solto,

E quer se vestir de glória.

O Chacal meu cão de guarda

Ganhei de um casal amigo,

Cumprindo sua missão

Defendendo esta mansão

Não quis fugir do perigo.

O diabo anda solto,

Com esse demo eu não brigo.

Qual um relâmpago no ar

Tudo isso aconteceu:

Frei Benício está doente,

Do Chacal a gente sente,

A roupa alguém mereceu.

O diabo anda solto,

Colhendo o que não é seu.

Eu peço aos caros leitores

Que não se choquem com isso.

Lembranças, sim, do Chacal.

Roupas fora do varal,

Oração ao frei Benício.

Derrotar o tal capeta

É o nosso compromisso.

João Bento
Enviado por João Bento em 06/08/2009
Código do texto: T1740327