Indiscretas revelações

Se os poemas nos lessem

Do jeito que nós os lemos

E não fossem só joguetes

Do que achamos que queremos

Exporiam para todos

Aquilo que não escrevemos

Sussurrando as verdades

Que de propósito escondemos

E enquanto a gente lia

Ele falando baixinho

Ia logo desvendando

O pensamento todinho

Revelando o que continha

Por trás dentre as entrelinhas

De um modo sem censura

Tudo que ali continha

E o fato de ser poema

Dava a ele uma vantagem

Rimava com tanto esmero

As indiscretas verdades

Que levava ao desespero

Quem ousasse de trucagem

Para não ouvir seus versos

Na hora que recitasse

E as revelações trariam

Enormes repercussões

Todos se conheceriam

Subterfúgios e intenções

A forma que comporiam

E as suas sensações

Bem como quando mentiam

Os porquês e as razões

Os poemas não seriam

Simples representações

Interagiam conosco

Trazendo novas visões

Transparências e franquezas

Autêntica revolução

Todo mundo com certeza

Que eram fato as transcrições

E tal como conhecemos

O mundo não era mais

Uma vez que expusemos

Para todos os demais

Todo pensamento torpe

Todo amor não declarado

Todo desejo que porte

Os versos não ventilados