Brasília de Nico-Demus
Nem Sempre contamos história
Do jeito que ela vemos
AS vezes contamos demais
As vezes contamos menos.
Hoje conto prá vocês
Um pouco de cada vez
A história de Nicodemos.
Já prometi muitas vezes
Falar desse cidadão.
Hoje, porém tiro um tempo
Lápis e papel na mão.
Conto em versos rimados
As façanhas do danado
Que parece o pai do cão.
O homem para viver
Não precisa muita sorte
É só respeitar o outro,
Fugindo sempre da morte.
Jamais se meter em briga,
Fugir de qualquer intriga,
Ter espírito muito forte.
Eu sempre trago comigo
Lembranças de minha infância
São fatos acontecidos
Que as vezes me causam ânsia,
Já vi a morte de frente
O mundo acabar de repente
Por causa da tal ganância.
Deus quando fez o mundo
Separou em noite e dia.
Fez a água e fez a terra,
O sol que ela alumia.
Animais, plantas e florestas
Deixando tudo em festa,
Fez o homem como guia.
No sétimo dia de luta
Deus, cansado, descansou.
Do trono lá das alturas
Olhou dos céus e abençoou.
Fez o sinal da cruz:
Pai, Espírito e Jesus
E no sono ele pegou.
Cansado de tanta labuta
Passou um tempo dormindo.
Satanás que já existia
Nas trevas já vinha agindo.
Lucifer é bicho cão
Tentou Eva e Adão
Ganhou a luta sorrindo.
Hoje em dia , meu irmão,
A história se repete.
Tem home perambulando
Até parece marionete
Vive na sombra alheia
Ele mesmo se tapeia
Dizendo que é vedete.
Ó Mestre lá nas alturas
Venha correndo prá baixo.
Tá perto do fim do mundo
Isso não é só eu que acho.
O dia parece noite,
Quem faz o bem, ganha açoite
E foge queimando o facho!
Quando o sol se põe nos montes
O diabo serpenteia.
Age depressa o danado
Fazendo o que vem na teia
Levanta só falsidade
De braços com a maldade
Tira do fraco a ceia.
Trajando-se de cordeiro
Ataca em qualquer aprisco
Leva a melhor ovelha
Sem correr o menor risco.
Se o pastor não está por perto,
Levar outra é quase certo!
Uma magra, prá petisco.
Por certo o caro leitor
Está no fundo pensando:
Cadê o tal Nicodemos,
De quem começou falando?
Espera um pouco amigo
Eu já, já falo contigo
O que Nico está aprontando.
O Nicodemos de hoje
Não é o do tempo de Jesus
Aquele se arrependeu,
Voltando-se para a cruz.
O de hoje, ele é danado
Só age de sol apagado
O bicho é fujão da luz.
O Nico que tanto falo
Está em todo lugar.
Prá ele não existe tempo,
Age aqui, age acolá.
Dribla a sociedade
Mina a sociedade
E a ordem universal.
Dentro da sociedade
É visto de todo jeito
De norte a sul do país
Com sua marca no peito.
Alguns usam colarinho,
Em Brasília está o ninho
Dos Nicos que foram eleitos.
Estes sim, não têm vergonha
Agem de dia e de noite.
Tira do povo a fortuna
Prá viver na mordomia
E na próxima eleição
Pede voto pro povão
Que está de barriga vazia.
Versando com um amigo
Uma sugestão me deu:
Lançar a flecha direto
No tema do nicodeu
Acato a sua sugesta
Encaro de testa a testa
A opinião que me deu.
Não quero de nenhum jeito
Fugir do tema pedido
Peço desculpa ao leitor
Se isto tenha acontecido.
Acompanhe meu pensamento
Esteja na leitura atento
Que do bicho eu tenho dito.
É como eu já disse antes:
Nicodemos hoje é moderno.
Se no passado foi despido,
Hoje porém, usa terno.
Passo o conto do vigário
No pobre e no milionário
Os seus truques são eternos.