Mutação

Sou matuta do sertão

Sombra de passaro a voar

Sou metade dividida

Alma que navega no mar

Minha casa é sem teto

Meu destino é incerto

Vivo no mundo a sonhar.

Não arrisco voar de avião

Nem navego de navio

Com dó do meu coração

Morrer afogado no rio,

Também não sigo de trem

Pro lado alheio do além

Nem coisa ruim desafio.

Na caatinga sou a caça

Pássaro preto tiziu

Ninguém alcança a graça

No cafundó morte a fio

Zumbido no ar da dor

Mau assombro caçador

Na fuga apagou pavio.

No oceano sou pescador

No céu sou anjo Gabriel

Na poesia sou pensador

Nos acordes sou menestrel

Sou matuta do sertão

Enredo vida e paixão

Como papagaio e xexéu.

Sou mulher sou menina

Filha da lua e meu pai sol

Luz da serra que ilumina

A passagem do farol

Sou chuva e ventania

Tempestade noite e dia

Sou corisco no paiol.

Sou homem trabalhador

Cabra da peste valente

Sou vaqueiro aboiador

Cantador de repente

Nesta vida não a igual

Sou do mundo animal

Ou apenas um vivente.

Sou filosofo lunar

Navegante cantador

Canto forró pra reinar

Faço reza pro criador

Escrevo aboio pro sertão

Pra vaqueiro da nação

Narrar a historia do amor.

Sou rosa desabrochando

Abelha fazendo mel

Um cavalo galopando

Lua a brilhar no céu

Sou juá no sertão

A força de lampião

Que ilustra o papel.

bel Salviano Planeta Poeta
Enviado por bel Salviano Planeta Poeta em 01/08/2009
Reeditado em 14/09/2013
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