Cordeiro da Cartucheira (Ou de quem lhe marcou a alma)
Deixando marcas ele partiu
Levou partículas de um dom
Um coração que outrora feriu
Hoje é ferido em outro tom
Tambores que ainda não se viu
Fazia, na passagem, um som
De um sentimento, um brilho anil
Qual nunca mais dirá que foi bom
E então ferida ela só escutou
A música que a atormentava
Um peito que, então, estourou
Em pranto de quem não aceitava
Mas do passado, então, lembrou
Havia peso no que cobrava
E em seu leito se declarou
De sua própria morte, a culpada
Ele, já longe, não mais quis ver
Um pranto seco sem um sentido
Repousou onde veio a nascer
Um sentimento hoje perdido
E o sol parecia não mais querer
Neste dia ter mais nascido
Pra ver o homem hoje sofrer
Por ter rompido o teu umbigo
Ela então já era só o corpo
E alma presa em arrependimento
Subiu aos céus, voltou ao porto
Não havia lugar algum lá dentro
Pra quem cultivou um amor morto
Regado de traição e lamento
Enquanto ele tão absorto
Julgava as fêmeas ao sofrimento
Quis ficar para o resto da vida
Deitado, em repouso eterno
Orou pra deus, Jesus e Maria
Blasfemou a falecida ao inferno
E lá dos céus um tremor ouvia
Trovões de cada vez mais perto
Era a resposta de quem dizia
Que não haveria mais inverno
Queimaria em brasa o peito
Enquanto dela ele se lembrasse
E, então, não haveria mais jeito
Pois mais que ainda a odiasse
Nada neste mundo é perfeito
Viu como fim se alguém lhe matasse
Resolveu com um tiro certeiro
De joelhos no meio da tua face.