SEMANA DO AGRICULTOR

Pra ocê home da roça

Quero prestá homenage

Pela sua simpricidade...

Sua fé, sua corage!

Corage di infrentá a vida

Do jeitinho qui ele é...

Pois o dinhero num tem...

Só tem fiu e muié

Istudá num teve jeito...

Num tinha memo cundição...

Oito, deis quilometro da iscola

Andano diapé sem chinelo

Só tinha memo a promessa

Que o amanhã vai se bão

Já mudo arguma coisa...

Mais, sendo o memo sertão!

Os fiu, barrigudinho...

Cheio di lumbriga, os coitados

Só pedi cumê docinho...

Num tem nem um brinquedinhu...

Pra brincá cos amiguinhos...

Tá juntano carreter, pra fazê caminhãozinho

Quando ele ficá pronto...

Inté dorme co bichinho!

Uma semana interinha...

Dedicado pra ocê...

Será que argúem sabe disso?

To memo pagano pra vê!

Pra sociedade, ocê num ixisti...

Num sei nem purquê insisti

Em querê sê um rocero

Só quando lhe farta fumo, é que cai nu disispero!

Cunhece lua pra tudu!

Lua pra prantá mandioca

Lua pra prantá fejão

Lua pra cortá bambu

Lua pra coiê mamão

Lua pra cortá cabelo

E num é pra cresce, não...

É pra demorá um poco, pra vortá lá no salão!

A alegria do rocero...

É só quando mata porco!

Vai dexá di cumê verde...

Vai cumê carne tamem!

E naquele vai e vem...

Levano carne pros vizinhu

Quando nos finar das conta...

Só lhe sobro uns quilinhu!

Mais issu ele num importa

Dá memo é di coração!

Num tem corage di cumê...

Sem servi o seu irmão!

E sabe, quando ele matá...

Lhe vorta o dobro, então!

E a mulecada faiz festa c’aquela bixiga

Cheia, chutano no terrerão!

Juntamenti co rocero

É dia du iscritô,acho pura ironia...

Num acha não, seu doto?

Pensano bem, pode num sê...

Senão, quem é que ia iscrevê?

Pra ti fazê homenage?

Pra ocê ficá contente...

Quando lê essa mensage.

Dia tamem do motorista

Junto co seu automóve

Essa num intendí memo!

O rocero num tem carro...

Só tem memo é uma magrela

E ainda anda sem breque

Quando vai desce a pinguela...

Tem qui apiá o muleque!

A bicicreta tamem serve...

Pra levá os fiu benzê

Quando as lumbriga avoroça...

Só memo a dona Trindade...

É que sabe o que fazê...

Tem chifri di bodi torradu...

Um punhadu di ortelã...

Uma cabeça di aio...Qui é pió doque morrê!

Uma semana...E os bafo...

Num dá nem pra chegá perto

Por debaxo dos cobertoô..

É que a coisa fica incerto...

Bota todo os mar pra fora...

Já pode vortá pra iscola, o mar, já ta ataiado...

Já ta curado as lumbriga...

E tamem, os mar oiado!

Quero abraçá oceis, nossos amigo irmão...

Pois, se não fosse oceis...Que seria do sertão?

Nossos fiu bateu azas

Foram pará notros rincão...

Que pra visitá nóis...

Tem que voá no avião...

Eles que venha até nóis, porque lá, nóis não vai não!