Baile de formatura
Baile de formatura
maria da graça almeida
No anel amarelo,
a pedra então falsa.
Franzido, singelo,
o vestido de alças...
Queria eu num elo
e em tempo da valsa,
o moço mais belo,
por força da graça.
E as moças donzelas,
as mais sensuais,
de rara beleza,
ao lado dos pais,
chamavam por ele,
o moço dourado,
o deus do lugar,
pra ser o seu par.
Meus ombros tremiam
e eu mais me agitava.
E ele gentil,
com todas dançava
e nem percebia
meu olho infantil,
colado ao seu...
Que céu sem anil,
que sina, meu Deus!
Findando a noite ,
a roupa amassada,
eu inconformada,
e a amiga me diz:
-É ele, está vindo!
Sorri! É feliz!
Chegando sozinho,
tão só por um triz
não erra o caminho!
Meu peito cansado
arfou exaurido,
então, apertado
e entristecido!
Enfim, ele chega
e falta-me o chão.
Sutil, a indagar,
segura-me as mãos:
- Disposta a dançar?
Acanhada e frágil,
não lhe respondi,
da amiga inábil,
resmungos ouvi.
O peito a pulsar,
senti-me sem ar,
descrente de mim,
não lhe disse sim.
Com a face sem cor
tentei me compor
e só fui capaz
de assim gaguejar:
- Agora, rapaz,
já nem quero mais.
- Que sorte fugaz!
- Diz isto, por quê?
- A valsa mais linda...
guardei pra você!
maria da graça almeida