ENSINAMENTO DAS MÃES DE ANTIGAMENTE.
As mães de antigamente
Nos davam bom ensinamento.
Educadores, psicólogos
Não mostram contentamento.
Mas graças às lições delas
Não somos mal-elemento.
Não saímos por aí
Seqüestrando namorada,
Ou matando nossos pais
De tiro ou de facada
Como atualmente faz
Boa parte da meninada.
As nossas mães ensinaram
Valorizar o sorriso.
Se me responder de novo,
Você sabe que não aliso,
Eu te arrebento os dentes
Este é último aviso.
Ensinavam retidão:
Nem que seja na pancada
Eu garanto que te ajeito,
Pra sejam valorizadas
As coisas feitas por outros,
Pois a casa foi arrumada.
E se querem se matar,
Você e o seu irmão,
Vão brigar fora de casa,
Porque vão sujar o chão
Pra lógica e hierarquia
Também tinha esse bordão:
Eu digo que é assim,
ponto final, pois mando eu.
Conhecia motivação:
Engula esse choro seu,
Senão terá boa razão
Pra você chorar. Entendeu?
Nos ensinou contradição:
Feche essa boca e coma,
Antes que fique zangada.
Vamos logo, não embroma!
Depois escove os dentes,
Corra ligeiro pra cama.
Dava aula de paciência,
Também de antecipação:
Espere teu pai chegar
Pra entrar no cinturão.
Calma! Ao chegar em casa
Vai apanhar de montão.
E a enfrentar os desafios:
Olhe pra mim e responda,
Quando eu lhe perguntar.
E de mim não se esconda.
Não se livra duma pisa.
A sola aqui hoje ronda.
O raciocínio lógico
É nessa frase encerrada:
Se cair quebra o pescoço,
Ainda leva umas lapadas
E quando teu pai chegar
De peia há outra rodada.
Não fica vesgo menino
Pois pode bater um vento
E fica assim para sempre
Deus castiga atrevimento,
De religião, Medicina
Era o seu conhecimento.
Conheciam como ninguém
O nosso reino animal:
Se não comer a verdura,
Vai se dar bastante mal:
Lombrigas comem você,
Preparam o funeral.
Ensinavam genética:
e também genealogia
Vai ser igual ao seu pai,
isso eu muito bem já sabia.
Não é de família rica.”
Era o que sempre nos dizia.
Quando tiver minha idade
Ai você vai entender.
A sabedoria da idade
Assim fazia aprender
Sobre o senso de justiça,
E pra medo nos meter,
Costumavam nos dizer:
O quê você faz comigo,
Seus filhos farão também
E esse será o castigo
Que em breve receberá.
Pois é um costume antigo.
Excelente professora
Pra ensinar religião:
Reze pra mancha sair
Do tapete ou senão
Vai apanhar pra aprender
A não sujar mais o chão.
Nos ensinavam também
A ser bom contorcionista
Olha essa orelha!Que nojo!
O ceroto está à vista.
Num homem deste tamanho
É preciso uma revista.
Vai ficar aí sentado
Até comer a comida
Dava determinação
Para orientar nossa vida.
Com a ventriloquia sempre
Também andava metida:
Me diga porque fez isso?
Não resmungue! Cale a boca!”
Ajeito numa só pancada
Você, seu cabeça oca.
Ensinavam a escutar:
Você pensa que sou mouca,
Com o rádio nessa altura?
Baixa logo esse volume,
Ou quebro na tua cabeça
Para que você se aprume,
Não sei onde você aprendeu
Esse maldito costume!”
Ter gosto pelos estudos
Nos ensinavam também.
Senão terminar a lição
E não fizer muito bem,
Quando teu pai chegar
Já sabe o quê que vem.
E também nos davam aula
De coordenação motora.
Pegue brinquedo um a um,
Diziam como professora .
Eu vou contar até três,]
Dava uma de contadora.
Com esses ensinamentos
Não vivemos estressados.
E também não precisamos
De depressão ser tratados.
Nem andamos por aí
cheirando coca, lombrados.
HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO
JULHO/2009