ESSE CORDEL POLITIZADO
Mas que coisa tão difícil
escarafunchar um cordel
é como preparar robalo
pondo tempero de papel
ou encontrar um senador
que ao morrer vá para o céu
Você procura por rimas
mas só encontra asneiras
descobre que no Senado
muita gente faz besteiras
tentando enganar o povo
escondendo nadadeiras
Abre, então, o dicionário
e avista o termo honesto
mas muitos representantes
têm na testa "eu não presto"
ficam com a parte do leão
e jogam ao povo seu resto
Eita País esquisito!,
com estados divididos
em feudos familiares
esse bando de sabidos
que passam a vida mamando
todos eles conhecidos
Epa!, quero fazer versos
de poesia popular
os políticos esquecer
porque eu posso vomitar
se começar a falar deles
meu computador vou sujar
Bem, como eu já dizia
antes de me embaralhar
um cordel pretendo fazer
começando meu versejar
mas se lembro do Senado
fico sem graça de rimar
Porque atos obscuros
sob o tapete escondidos
não são próprios da poesia
nem oito vezes medidos
nos palmos de uma régua
muitos traços comedidos
Porém não é fácil esquecer
somos todos que pagamos
a farra de uns sabidinhos
esgotos, entulhos, ramos
só ganham salário de rei
e nós, eleitores, voamos
Chega dessa rapinagem
tira a mão do meu bolso, ei!
Abra o jogo camarada
diga o que sabe de Sarney
não me venha com estória
de que " eu não vi e nada sei"
Pobrezinho do meu cordel
acabou virando troça
juntando alho e bugalho
tratando só dessa joça
de alguns representantes
ah tipinhos, minha nossa!