AS DEZ... GRAÇAS DO MATUTO
algumas estrofes do cordel:
Lá no sítio que eu nasci
E que também fui criado
Cum doze fio de papai
E cum mais doze adotado
O que mais tinha na casa
Era menino espaiado
Era pequeno os danado
De se cubrí cum balaio
Ficava uns bem caladinho
Outros que nem papagaio
Parecia a ladainha
Das missa do mês de maio
Esse bando de pirraio
Nunca se viu arengano
Porque se papai pegasse
Quarqué um de nós brigano
Mandava erguê o suvaco
Pro outro ficá cheirano
O mais véi de doze ano
O mais novim tinha um
Tudo criado com sopa
De talo de jirimum
Papa de farinha d'água
E ôtas coisa comum
Mãe sem tê leite nenhum
Pois pobre num se alimenta
Dava a nós leite de cabra
Se faltasse o de jumenta
Foi cum leite de aveloz
Que criou Maria Benta
Papai furado na venta
Nunca quis muié alheia
Mãe só vivia buchuda
Mermo martratada e feia
Era só desembuchá
Que o véi metia a peia
E tome barriga cheia
E tome fio todo ano
Papai botava barriga
Que mamãe ia tirano
Só via a véia paríno
E o véio labutano
Pra evitá um ingano
Por causa de tanta cria
Pai batizô os menino
Cum muita sabedoria
Todo ôme era José
E toda muié, Maria