AS DEZ... GRAÇAS DO MATUTO

algumas estrofes do cordel:

Lá no sítio que eu nasci

E que também fui criado

Cum doze fio de papai

E cum mais doze adotado

O que mais tinha na casa

Era menino espaiado

Era pequeno os danado

De se cubrí cum balaio

Ficava uns bem caladinho

Outros que nem papagaio

Parecia a ladainha

Das missa do mês de maio

Esse bando de pirraio

Nunca se viu arengano

Porque se papai pegasse

Quarqué um de nós brigano

Mandava erguê o suvaco

Pro outro ficá cheirano

O mais véi de doze ano

O mais novim tinha um

Tudo criado com sopa

De talo de jirimum

Papa de farinha d'água

E ôtas coisa comum

Mãe sem tê leite nenhum

Pois pobre num se alimenta

Dava a nós leite de cabra

Se faltasse o de jumenta

Foi cum leite de aveloz

Que criou Maria Benta

Papai furado na venta

Nunca quis muié alheia

Mãe só vivia buchuda

Mermo martratada e feia

Era só desembuchá

Que o véi metia a peia

E tome barriga cheia

E tome fio todo ano

Papai botava barriga

Que mamãe ia tirano

Só via a véia paríno

E o véio labutano

Pra evitá um ingano

Por causa de tanta cria

Pai batizô os menino

Cum muita sabedoria

Todo ôme era José

E toda muié, Maria

Heliodoro Morais
Enviado por Heliodoro Morais em 13/07/2009
Reeditado em 13/07/2009
Código do texto: T1696832