ESTELA DE ZÉ FERREIRA
Nasci parecendo um rato
Pelo tamanho e brancura
Careca, sem dentadura
Quase perco a mãe no parto.
Por causa de um pai ingrato
Que se embriagou na feira
De fraco caiu da cadeira
Depois da maior orgia
Sete noite e sete dia
Com Estela de Zé Ferreira.
Tava ele e Ludurgero,
Avõ por parte de pai.
Um velho metido a rapaz
Cheio de “quero-não-quero”
Zé do Porco, Ciço e Antero
Zequinha e Mané Esteira
Embolados na brincadeira
De cachaça e putaria
Sete noite e sete dia
Com Estela de Zé Ferreira.
Essa metida a certinha
Tinha dois peito graúdo
Beijada por um sortudo
Se arrepiava todinha.
As anca dessa rainha
Durinha que nem madeira
Do tronco de uma jaqueira
Talhada pra farra e folia
Sete noite e sete dia
Com Estela de Zé Ferreira.
Durante essa temporada
Em que meu pai se perdia
Na farra e na boemia
Sem tempo de sobra pra nada
As portas foram fechadas
E no cabaré da ladeira
Fez festa a semana inteira
Gastando o que não podia
Sete noite e sete dia
Com Estela de Zé Ferreira.
A vizinhança já farta
De tanta farra e gritaria
Mandaram chamar minha tia
A brava Maria de Marta
Armada só com uma faca
Botou fim na bagaceira
Prendeu todos na carreira
E mandou pra delegacia
Sete noite e sete dia
Com Estela de Zé Ferreira.
Depois de passada a ressaca
Chegou Chico advogado
Os cabras se viram apertado
Por dentro de um nó de gravata
O fato que se relata
É que Marta bateu certeira
No meio da prateleira
Dos dentes que pai possuía
E nunca mais fez latumia
Com Estela de Zé ferreira.