ESTELA DE ZÉ FERREIRA

Nasci parecendo um rato

Pelo tamanho e brancura

Careca, sem dentadura

Quase perco a mãe no parto.

Por causa de um pai ingrato

Que se embriagou na feira

De fraco caiu da cadeira

Depois da maior orgia

Sete noite e sete dia

Com Estela de Zé Ferreira.

Tava ele e Ludurgero,

Avõ por parte de pai.

Um velho metido a rapaz

Cheio de “quero-não-quero”

Zé do Porco, Ciço e Antero

Zequinha e Mané Esteira

Embolados na brincadeira

De cachaça e putaria

Sete noite e sete dia

Com Estela de Zé Ferreira.

Essa metida a certinha

Tinha dois peito graúdo

Beijada por um sortudo

Se arrepiava todinha.

As anca dessa rainha

Durinha que nem madeira

Do tronco de uma jaqueira

Talhada pra farra e folia

Sete noite e sete dia

Com Estela de Zé Ferreira.

Durante essa temporada

Em que meu pai se perdia

Na farra e na boemia

Sem tempo de sobra pra nada

As portas foram fechadas

E no cabaré da ladeira

Fez festa a semana inteira

Gastando o que não podia

Sete noite e sete dia

Com Estela de Zé Ferreira.

A vizinhança já farta

De tanta farra e gritaria

Mandaram chamar minha tia

A brava Maria de Marta

Armada só com uma faca

Botou fim na bagaceira

Prendeu todos na carreira

E mandou pra delegacia

Sete noite e sete dia

Com Estela de Zé Ferreira.

Depois de passada a ressaca

Chegou Chico advogado

Os cabras se viram apertado

Por dentro de um nó de gravata

O fato que se relata

É que Marta bateu certeira

No meio da prateleira

Dos dentes que pai possuía

E nunca mais fez latumia

Com Estela de Zé ferreira.

Herivaldo Ataíde
Enviado por Herivaldo Ataíde em 09/07/2009
Reeditado em 02/08/2009
Código do texto: T1690683
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