Copo D'água
COPO D'ÁGUA
ESTANDO A FAZER CAFÉ
O LEITE QUASE SUBINDO
ME BATE À PORTA UM MENINO
QUERENDO ÁGUA TOMAR
FIQUEI A ME INDAGAR:
QUE DEVO AGORA FAZER
O LEITE QUASE A FERVER ?
FIQUEI TODO EMBARALHADO
PENSEI: ESTE DESGRAÇADO
VEM AQUI ME ATRAPALHAR !
MAS COMO NÃO DEVO ERRAR
REFIZ O MEU PENSAMENTO:
SE FOR JESUS O PEQUENO
QUE ESTÁ A ME CHAMAR ?
DEVO CORRER PARA LÁ
DEVO LOGO IR ATENDER
COM A FÉ A GENTE VER
JESUS NO NOSSO IRMÃO
APAGUEI TODO O FOGÃO
FUI ATENDER O MENINO
NO PERCURSO QUE FAZIA
ME VEIO UMA INDAGAÇÃO
COISAS DO MEU CORAÇÃO
PRA QUE PODESSE AMAR
FUI CHEGANDO BEM PRA PERTO
FUI PERGUNTANDO O QUE QUER
ME DE UM COPO COM ÁGUA!
ME DISSE O GAROTO EM PÉ
EU QUASE ABRIA O PORTÃO
E APONTAVA A TORNEIRA
QUE TEM ALÍ NO JARDIM
MAS AI EU ME LEMBREI :
É JESUS O MEU IRMÃO
A QUEM EU DEVO AMAR
AÍ DISSE PARA O GAROTO:
ESPERE QUE EU VOU BUSCAR
VOLTEI COM O PENSAMENTO
DE COMO ÁGUA LHE DÁ
PENSEI NUM COPO DE PLÁSTICO
PRA DOENÇA NÃO PEGAR
MAS AÍ EU ME LEMBREI
É JESUS O MEU IRMÃO
DEVO ATENDER-LHE BEM
COM TODO MEU CORAÇÃO.
BOTEI ÁGUA NO MEU COPO
UMA AGUAZINHA GELADA
CHEGA O COPO ÍA SUANDO
E NAQUELA CAMINHADA
BOTEI O COPO NUM PIRES
E DEI-LHE A ÁGUA SAGRADA
QUASE DE UM FÔLEGO SÓ
BEBEU A ÁGUA TODINHA
DEPOIS ENXUGOU A BOCA,
COMO TOALHA NÃO TINHA,
USOU A SUA CAMISA
DE UMA FAZENDA FININHA.
DEU OBRIGADO E PARTIU
NA RAPIDEZ QUE ELE VINHA
EU FIQUEI OLHANDO O TEMPO
E UMA PAZ ME BATEU.
VOLTEI PRA CASA FELIZ
SÓ DANDO GRAÇAS A DEUS
AQUELE ATO DE AMOR
ME FEZ UM BEM ME MOSTROU
PRA NÃO JULGAR MAIS NINGUÉM...
ERNANE MUNIZ RECIFE
A FAVELA
SE VOCÊ NÃO ACREDITA
PORQUE VOCÊ NUNCA VIU
ALGUEM MORANDO NA LAMA
DORMINDO EM UM BARRIL
SUA CASA UMA TAPERA
ASSIM VIVE MAIS DE MIL
MEU AMIGO É DE DOER
É DE CORTAR CORAÇÃO
A VIDA DAQUELE POVO
QUE É TAMBÉM NOSSO IRMÃO
EM QUANTO MUITOS TEM MUITO
ELES NÃO TEM NEM UM PÃO
E É DURO A GENTE VER
QUANDO SE ANDA POR LÁ
MENINO DENTRO DA LAMA
JUNTO COM PORCO A BRINCAR
NÃO SÃO BICHO ELES SÃO GENTE
NÓS VAMOS TER QUE PAGAR
PAGAR COMO DIZ VOCÊ
POR ESTA SITUAÇÃO
QUANDO FORES ASSALTADO
SABERAS A OCASIÃO
DE NÃO TERES AJUDADO
QUEM TE PEDIA A MÃO.
ERNANE MUNIZ