Cheiro Nordestino

O meu Nordeste tem o cheiro da caatinga

do Raso da Cilibrina, da poeira do xerém;

batata doce, farinha de mandioca,

feijão verde com paçoca,

tem o canto do vem vem;

O meu Nordese tem cipó de marmeleiro,

mandacaru e facheiro, xiquexique e juá;

O meu Nordeste tem sodoro e tem jurema,

tem o gemido da ema no tronco do juremá;

O meu Nordese tem vela tem lamparina,

tem o cheiro de menina na rede de balançar;

Tem o vaqueiro, tem cambito e cambiteiro,

valoroso estradeiro na hora de viajar;

O meu nordeste tem cheiro de carne assada,

tem munguzá, tem buchada, tem pirão no arguidá;

Tem arroz doce, rapadura e cocada,

caldo de cana e coalhada, tem cuscús, tem vatapá;

No meu Nordeste bom cabrito é o que não berra,

num forró de pé de serra faz poeira levantar;

Pega a morena e sai fungando em seu cangote,

pulando feito caçote até o dia clarear;

O meu nordeste tem coco de embolada,

calvalgada e marujada, belas noites de luar;

O meu Nordeste tem batismo na fogueira,

tem escola sem carteira, tem gente sem estudar;

O meu Nordeste tem forró, tem vaquejada,

carne de bode torrada, tem mocó e tem preá;

Água barrenta esfriada na quartinha,

da cacimba de Bahia, aonde eu ia me banhar.

O meu Nordeste não tem chuva, tem a seca,

tem tamborete tem mesa, cadeira de balançar;

O meu Nordeste é o recanto brasileiro

de um povo hospitaleiro que gosta de trabalhar.

Carlos Soares
Enviado por Carlos Soares em 20/06/2009
Reeditado em 12/10/2010
Código do texto: T1658207
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.