“EU MORRO AGRADECIDO PELO NOME QUE EU TENHO”
O meu pai me instruiu
Filho não deva nada a ninguém
E nunca fale também
De coisa que você não viu
No dia em qu'ele partiu
Só me deixou seu sobrenome
E de viver uma fome
Preservando isto eu venho
E o peso do meu lenho
Nunca será dividido
Eu morro agradecido
Pelo nome que eu tenho.
O meu pai também me disse
Peça um pão pra não roubar
E com quem precisar
Falou-me que dividisse
Pra eu não fazer tolice
E depois me arrepender
Amor proibido não ter
Que é perigoso este engenho
E poderá ser ferrenho
O ciúme do marido
Eu morro agradecido
Pelo nome que eu tenho.
Também, pra eu não ferir
Se eu não fosse ferido
E o seu último pedido
É pra seu exemplo eu seguir
Enquanto eu estiver aqui
Na terra, sobre a face
Inda que meu pai não falasse
Seu caráter é meu desenho
Seu nome níveo mantenho
E o meu enobrecido
Eu morro agradecido
Pelo nome que eu tenho.
O meu pai saiu da vida
Mas permanece na minha
Minha mãe é a rainha
Que tem vencido a lida
Tórrida, dura, comprida
Mamãe, digna de oblação
Ao lar tem dado sustentação
Com tanto esmero e empenho
Em ser grato não me abstenho
A Deus, por ter me favorecido
Eu morro agradecido
Pelo nome que eu tenho.