O SÃO JOÃO DO NORDESTE, É O MELHOR DO BRASIL

Nos dias de Santo Antônio,

De São Pedro e de São João,

De norte a sul do Brasil

Se vê comemoração.

Mas, ande de canto a canto

E não verá um encanto

Como em nossa região.

                     

No Nordeste é tradição

A grande Festa Junina.

Só quem conhece é quem sabe

Que nossa festa é divina,

Mas se torna mais bacana

Porque a parte profana

É muito mais nordestina.

             

Do terreiro da usina

Até o alto sertão,

Ela é comemorada

Dentro dessa região,

Passando no litoral

E até na capital

Tem a Festa de São João.

                 

Nos ares tem foguetão

E fumaça de fogueira,

Tem rebolado bonito

D' uma morena faceira,

Que de caipira se veste

Pra mostrar que no Nordeste

Só tem mulher forrozeira.

Animando a brincadeira,

Cidades são enfeitadas

Com bandeirinhas bonitas,

Coloridas, recortadas,

Nas casas do interior.

Tem delas de toda cor,

Nas janelas penduradas.

Encontramos nas calçadas

Gente soltando rojão,

Peido de veia, foguete,

Traque de massa, vulcão,

Buscapé e estrelinha,

Pistola, salva, chuvinha

E o diabinho mijão.

Toda rua tem salão

Pra ter um arrasta-pé.

E se come o milho verde

Plantado com muita fé,

Pois o homem nordestino

Já planta, desde menino,

No dia de São José.

Ele sabe quando é

Que o homem deve plantar,

Para ter milho a granel,

Quando o São João chegar...

Pois, sem ter milho na praça,

Todo o São João perde a graça

Pra quem é desse lugar.

Pra casa que a gente olhar

Tem um balão pendurado.

E também mesa enfeitada

Com milho pra todo lado...

O povo junta a família

E enfeita toda a mobília

Com chita e pano listrado.

O forró é escutado

De Santo Antônio a São João,

Mesmo que não se escute

Em rádio e televisão,

Pois sabemos que hoje em dia,

Temos muita porcaria,

No lugar de um forrozão.

Com a modernização

Muita coisa está mudada,

Mas aqui no meu Nordeste

Não se mudou quase nada...

Pois nossa cultura é rica!

E para nós o que fica

É o forró de latada.

Fica nossa carne assada,

A feijoada, o pirão.

Fica nosso mamulengo

E a Festa de Apartação...

Também a nossa Quadrilha,

Que no São João sempre brilha,

Pra manter a tradição.

Tem muita superstição,

Pra moça que quer casar.

Brincadeiras de compadre,

Simpatias ao luar...

Se faz adivinhação

E também tem palhoção

Pro festejo popular.

Para o povo degustar,

Comidas tem um bocado.

Angu, pamonha, canjica

E o milho cozinhado.

Temos bolo de fubá,

Amendoim, mungunzá

E também o milho assado.

Tem o Forró animado

Com músicas de Gonzagão.

Os casais vão se agarrando

Na quentura do Salão.

O suor fica pingando

E quem não está dançando

Sente a mesma animação.

Dançando Xote, Baião

E o verdadeiro Forró,

Daqueles de pé-de-serra,

Tem casal que dá um nó.

Porque dança a noite inteira

E só sai da brincadeira

Quando o mesmo estiver só.

É de inchar mocotó

Um forró bem peneirado

Ou um fole castigando

Na cadência do Xaxado.

Tendo sanfoneiro bom,

Sem deixar cair o tom,

Não tem quem fique parado.

O Arraial enfeitado,

Desde a cumeeira ao chão,

Pede pra gente ficar

Na maior animação.

Quem está acabrunhado

Para ficar animado

Basta beber um quentão.

Onde tem um Palhoção,

A festa é mais animada,

Quando chega uma Quadrilha,

Bonita, toda enfeitada.

Pra fazer o casamento

Do noivo, que azarento,

Deixou a noiva embuchada.

Pra ela não ser falada,

O Coroné, o pai dela,

Chama logo o Delegado

E o vigário da capela.

Deixando o noivo acuado,

Quando se casa obrigado

Por mexer com uma donzela.

E uma noiva muito bela

Dessa trama compartilha,

Quando consegue casar

O seu olhar chega brilha...

Manda chamar sanfoneiro,

“Triangueiro”, zabumbeiro

E começar a Quadrilha.

O salão logo fervilha

E fica todo enfeitado.

Aparece Lampião,

Cigana, Juiz, Soldado,

Princesa, Padre, Escrivão,

Pai do Noivo, Sacristão,

Com Padrinho e Delegado.

Uma fila em cada lado

Com o povo só de espiar,

Cavalheiros cumprimentam

As Damas pra começar.

Fazem logo um Balancê,

Depois fazem Returnê

E também o Desviar.

Damas trocam de lugar,

Cumprimentam Cavalheiros!

Fazem trejeitos charmosos,

Com seus olhares faceiros.

Depois se juntam no meio,

Para o Grande Passeio

De braços com seus parceiros.

Acenam pros companheiros

Nesse forró animado,

Embelezando a Quadrilha,

Tudo bem feito, ensaiado.

Como quem vem da palhoça,

Seguem o Caminho da Roça,

Depois a Troca de Lado.

Todo mundo admirado

Ouvindo a “Dança da Moda”,

Vê os casais se juntando,

Pra formar a Grande Roda.

Tem A Cobra e A Mentira,

No Caracol tudo gira,

Mas ninguém se incomoda.

Desmanchando a Grande Roda,

Vem: Olha a chuva! Passou.

Outra vez, Anavantur,

O Marcador já gritou.

No meio tem Balancê

E depois Anarriê,

Não choveu, mas Trovejou!

O Desfile começou

Com todos nos Seus Lugares,

Aos poucos vão desfilando,

Para agradar Seus Pares.

Uns sorrindo, outros mangando,

De quem está desfilando,

Sob uma troca de olhares.

No Túnel, seguem aos pares,

Dando aquela sacudida.

E nisso, a Quadrilha esquenta

Como no resto da vida.

Já tem casal paquerando

Certo de ficar dançando

Logo após a Despedida.

 

E assim ninguém duvida

Que aqui para se dançar,

Tem o forró temperado,

Da poeira levantar.

Só não dança quem não quer,

Pois aqui temos mulher

Que gosta de forrozar.

Se quiser aproveitar

As festas desse torrão,

Venha curtir o Nordeste

E conhecer o São João.

Porque quando for embora

Vê que no Brasil a fora

Não existe melhor não.

Venha dançar um baião,

Como você nunca viu,

E curtir a nossa Festa

Que tem o melhor perfil.

Do litoral ao agreste,

Pois o São João no Nordeste

É o melhor do Brasil.

Ismael Gaião

Recife, 12 de junho de 2009