É são joão nas Alagoa
e nóis se bota a rescordá
das festa da nossa infânça
coisa boa de alembrá.
Na rua nóis fazia um cercado
com paia pra decorá
bandeira pra todo lado
no chão, pó de serra pisado
pra ninguém escorregá
ensaiava quadrilha bunita
pra ganhá primeiro lugá
as moça vestida de chita
os home de carça cumprida
pa nois pudê farreá...
Todo mundo se ajuntava
pra mode anganriar
uns troco pro sanfoneiro,
qui num podia cochilá .
Do lado de fora a fogueira
tão grande que doía, só de oiá
o cheiro do mio assando
e as bombinha estourando
nóis se bota a rescordá
tinha pinga lá da Bica
da casa de seu Vadico,
angú,pamonha ,mio cozido
pipoca e mungunzá
nóis forrozava a noite inteira
e num pense que essa festeira
tinha dia pra acabá
enquanto no calendáro junho
ainda existia,
num tinha gente no mundo
que nos fizesse pará
era São João todo dia
e os amigo se reunia
pra mode comemorá.
Hoje o cheiro bom do mio
só selve pra alembrá
chora nêgo,chora nêga
qui o tempo num vai vortá.
Mas mesmo assim nóis se reune
numa farra de lascá
na porta uma fogueira
uma sanfona forrozeira
ninguém deixa de dançá
é que os amigo do peito
num pode se separá
quando chega são joão
nóis fica tudo ouriçado
nóis qué vê paia arribá
e já tem tudo contatado
nóis tem qui se incontrá
qué pra matá a sardade
dos tempo da mocidade
lá no nosso arraiá.