PARA SABER MAIS DOS PEIXES DO BRASIL

Eita, marzão do Brasil

peixes tem como ele só,

é um mar da cor de anil,

com muito acará-mocó,

que é um roncador viril,

mais gostoso que coró.

Tem o peixe agulhão,

com frontal bem agulhado,

tem também peixe dentão,

da cioba assemelhado,

com muita variação,

tem o peixe serigado.

Seguindo no desfilado

dos peixes do nosso mar,

soia, que chamo linguado,

vive de mimetizar,

com olhos do mesmo lado,

imitando o seu lugar.

Pra falar bem do bonito,

tenho que dizer dourado

e seguindo, nesse rito,

tem peixe que é namorado,

que sendo cozido ou frito

é bastante apreciado.

Vou dizer aqui, agora,

para não ter que esperar,

que o peixe dito albacora,

reproduz-se em alto mar,

é atum branco e devora

o camarão que pintar.

Sem intentar ladainha,

nesse desfilar sem fim,

tem peixe bom que é tainha,

tem também camurupim,

tem a miúda sardinha

e o feroz anequim.

Tem peixe que pode inchar,

com nome de baiacu,

tem peixe para se assar,

cujo nome é pirambu,

beijupirá, se olhar,

é o mesmo pirabeiju.

Quem fala no peixe galo

pensa no madrugador,

quem pensa e fala robalo

lembra-se que é lutador,

que fere e provoca calo

no treinado pescador.

Se falar do budião,

peixe-rei logo é lembrado,

na faringe há dentição,

pra concha ter esmagado,

mudando a coloração

quando for acasalado.

Do perigoso cação

quem nunca ouvira falar,

nosso menor tubarão

é o maior no predar,

fileira na dentição,

quebrada, vai renovar.

Tem até peixe que voa,

chamado de voador,

piloto não guia a toa

tubarão devorador,

pega sempre a sobra boa,

pregado no predador.

Há casos de confusão

com a rêmora envolvida,

devo chamar atenção

que ela só anda aderida

na estrutura do cação,

para ser favorecida.

Bagre é um peixe barbudo,

moréia quer se alojar,

meca sei, e não me iludo,

é peixe bom de fritar,

tem quem diga, além de tudo,

que ele é a picanha do mar.

Também tem o peixe espada,

que até o seu nome fura,

distinto pela fuçada,

que apresenta na estrutura,

existe também pescada,

seja da branca ou da escura.

Gosto de arabaiana,

de olhete denominada,

é peixe bem de bacana,

na peixada ou na fritada,

apresenta muita escama,

mesmo na bochecha inchada.

Cavalo está no campo,

mas no mar peixe é cavala,

que comparada ao pampo

tem sabor que bem se iguala,

da panela tiro o tampo

para poder degustá-la.

Do fel senti o amargo,

do peixe senti salgado,

se tiver o nome pargo

tem o sabor delicado

no nordeste, de mar largo,

é de tom avermelhado.

Falando em coloração,

tem peixe que é mariquita,

pode ter prateação,

ou cor de manga manguita,

nessa tal variação

só quem pesca acredita.

Em qualquer que seja a gleba,

o pescador reconhece,

se o peixe for carapeba

no mar bem se estabelece,

não conta história de peba,

mas no estuário acontece.

A serra está no sertão,

mas serra é peixe marinho,

com manjuba em predação,

no verão, forma grupinho,

tem cardume em migração,

sendo alto mar o seu ninho.

No litoral tem tetéu,

ave dita quero-quero,

peixe do mar é xaréu,

onde também vive o mero,

saberé não vive ao léu

na malhação desse lero.

Vou parando por aqui,

vendo que na rede vem

peixe que come siri

e come aratu também,

tem peixe que nem colhi

entre tantos que o mar tem.