URUCUBACA
Tonha casada com Zé
Mulher de garra, valente
Saiu bem cedo de sua casa
Cantarolando contente
Pisou em esterco de vaca
Caiu, com o chão ficou rente.
Ela levantou apressada
A roupa suja de lama
Sua saia nova rasgada
Muito feio para uma dama
A sandália descolada
E a boca cheia de grama.
Sacudiu a poeira, seguiu
Mais na frente, gado solto
Quis correr, mas resistiu
Não ia dar ao povo o gosto
De chamá-la de covarde
Porém teve foi desgosto.
Um boi bravo quando a viu
Partiu, correu em disparada
Tonha calou não deu um pio
Ficou dura estatelada
Onde estava o seu brio
Ela estava atrapalhada.
Correu feito mula doida
Cambaleando tropeçou
A blusa presa no arame
Outra tormenta começou
Rasgada em dois pedaços
U’a parte na cerca ficou.
Com as roupas em molambos
Chegou enfim ao seu destino
E praguejava irritada
Era quase desatino
Urucubaca danada
Está me tirando o tino.